Park Hyatt Tóquio, porque o Amor é um lugar estranho. Viajar ao Japão.
Ultimamente nos meus posts ando a delinear paralelos (im)possíveis entre o mundo do cinema e a realidade. Esta narrativa de viagem não vai ser diferente, porque o hotel Park Hyatt foi cenário do filme de Sofia Coppola, "Lost in Translation" (2003) em português traduzido ao prolífico título “O Amor é um lugar estranho”, onde a personagem Bob Harris (Bill Murray) conhece a Charlotte (Scarlett Johansson). Uma história de amor complicada, de encontros e desencontros, sonhos e expetativas goradas... precisamente como na vida real...
Durante a minha visita a Tóquio escolhi o Park Hyatt para ser o meu porto de abrigo. Devo confessar que não procurei em buscadores de hotéis online, porque eu já sabia onde queria ficar. Vim, de novo, influenciada pelo imaginário de Hollywood. É que aqui, no topo de um dos edifícios mais altos da capital do Japão, encontra-se o bar panorâmico New York, conhecido pelas excelentes performances de jazz, as vistas de cortar a respiração sobre o rendilhado de uma cidade que nunca dorme... e onde a história de Bob e Charlotte começou...
O Park Hyatt é um dos hotéis obrigatórios em Tóquio e tem a categoria de cinco estrelas luxo. Joga na mesma liga que um Savoy em Londres ou um Waldorf Astoria em Nova Iorque.
A localização é imelhorável. Fica situado em Shinjuku, uma das melhores áreas da cidade, bem perto da Câmara Municipal. As torres do Park Hyatt competem em altura com as da Câmara, não havendo na próxima selva de arranha-céus, edifícios que suplantem as suas magnânimes alturas. A sisudez do edificio em betão de linhas direitas é suavizada por um jardim de azáleas cor-de-rosa e pelas inúmeras esculturas em bronze que saltam das paredes para nos saudar com olhar pícaro.
Na entrada do edifício há uma conhecida pastelaria com especialidades francesas e produtos gourmet europeus, onde desfrutei de um pedaço de tarte de framboesa e morangos (sem lactose) divinal. O serviço atento e a hospitalidade "omenabashi" japonesa aparecem em todos os pormenores.
A decoração das zonas sociais e habitações do Park Hyatt é elegante, minimalista e sem pretensões de luxo exuberante. Um grande contraste com a minha recente experiência no Ritz-Carlton em Osaka, onde tudo era mármore, madeiras nobres, cristais, dourados e prateados. Não, aqui a beleza assenta numa outra escola estética, mais despojada, austera em alguns casos, clássica e atemporal. As obras de arte são de período contemporâneo, figurativas e abstratas, assinadas por artistas japoneses. O hotel foi construído em 1994 e pouco se alterou desde a sua inauguração (para o bem e para o mal).
Especialidades francesas de Patisserie no Park Hyat em Tóquio
Para chegar à receção do hotel é preciso pressionar o numero 41 no elevador. É deste patamar elevado sobre o fino nevoeiro da cidade que faço o check-in. À entrada uma biblioteca repleta com títulos de Arte e História prende-me a atenção e fico a desejar, secretamente, ter todo o tempo do mundo para ficar por ali, embrenhada em livros, enquanto a frenética cidade se desenvolve lá em baixo. Há algo mágico em viver suspenso, flutuando num arranha-céus, uma espécie de Olimpo pós-moderno sem deuses ou mitos.
Aqui também encontramos o Peak Lounge bar onde, à tardinha, se junta o batalhão do estilo, mulheres asiáticas envergando Manolos e vestidos Prada e Chanel para tomar o chá das cinco. Não se trata da cerimónia do chá japonesa. Não, não. A tradição britânica do high-tea é uma moda em efervescência na alta-sociedade japonesa.
Biblioteca no andar 41.
Peak Lounge Bar, um high-tea britânico pairando sobre Tóquio.
Com a chave do quarto a tilintar num chaveiro da Tiffany, subo ao andar 46 onde fica o meu ninho para os próximos dias. A vista sobre a cidade é o primeiro impacto, deixando tudo o resto em segundo plano. As manchas acinzentadas dos edifícios são interrompidas pelo oásis verde do parque Yoyogi Park e o templo Meiji. Depois, acostumada à claridade e ao impressionante quadro vivo que se desenrola aos meus pés, reparo no ambiente austero e elegante. No topo da minha cama, simples folhas secas colocadas a preceito, recordam que a simplicidade também é paz e que a Natureza também é Arte.
A madeira escura, as linhas direitas, a pedra castanha, a cama mais dura tipo tatami adaptado, oferecem um luxo despojado. Na casa de banho, entre a tecnológica sanita Toto e o chuveiro, aguardava-me uma majestosa banheira com vista para... uma obra de arte. No quadro, figura o Monte Fuji, a eterna referência paisagística e mítica japonesa.
Fiquei na dúvida se a decoração do quarto já precisa de uma renovação, não de estilo mas de reposição de elementos. Em alguns sítios nota-se a passagem do tempo e os 25 anos de uso... Não querendo parecer "esquisita" mas talvez uma renovação não fosse mal ideia, para justificar os 800 dólares por noite..
Vista panorâmica do quarto Park Hyatt em Tóquio
Decoração minimalista no quarto. Os anos 90 estão aqui bem presentes...
(Talvez seja preciso uma renovação para justificar os 800 dólares por noite...)
Banheira com arte...
Alguns aspetos da decoração minimalista do quarto no Park Hyatt, Tóquio.
New York: Jazz, sedução e vistas inesquecíveis num rooftop de filme (literalmente)
Foi logo na noite da chegada e em todas as seguintes até que o check-out nos separou para sempre, que passei o final da noite num dos melhores bares panorâmicos do mundo. Um rooftop dos clássico, só batido, na sua categoria pelo rooftop do Sky Bar Glass-Rooftop em Las Vegas ou o Rooftop em Istambul. O New York fica no andar 51 e de aqui para cima só mesmo o céu...
O bar onde Bob Harris conhece a Charlotte está decorado com as luzes tremelicantes dos edifícios e as avenidas coloridas de vermelho ou branco consoante o ritmo dos automóveis, um horizonte composto por milhões e milhões de vida, um nunca acabar de histórias e destinos... este é o quadro exterior emoldurado pelas grandes paredes de vidro. Cá dentro, quadros com cenários musicais, mesas e uma barra central repletas acompanham em júbilo o trio de jazz americano e a potente voz de Karen Jones, ou não fosse a neta de Count Basie.
A performance musical está ao nível do Festival de Montréal e fico deliciada com as harmonias inesperadas e as improvisações feitas sobre os standards de Jazz. Será desnecessário dizer que voltei, cada noite, atraída pela musicalidade brilhante e as vistas inspiradoras... o cenário que apaixonou Sofia Coppola em 2003 permanece intocável e merece uma visita, nem que seja uma vez na vida...
Karen Jones ao vivo no New York, o bar panorâmico do Park Hyatt em Tóquio
Pequeno-Almoço e Piscina Panorâmica
O pequeno-almoço é servido no restaurante europeu Girandole, no andar 41 mesmo ao lado da biblioteca. Encontra-se uma boa variedade de pequeno-almoço continental e uma escolha interessante para quem quiser provar o pequeno-almoço típico japonês. Talvez por vir do Ritz-Carlton em Osaka, não fiquei especialmente impressionada com os buffets de pequeno-almoço. Pareceu-me pouco para a categoria e estatuto do hotel.
A piscina panorâmica é um daqueles lugares que inspiram e que apetece guardar na memória... quem não gosta dar umas braçadas com uma vista panorâmica sobre a cidade?
[faça click nas fotografias para poder ver em formato completo]
さようなら Sayōnara, Adeus !
Créditos Fotográficos: Avenida Chique | Park Hyatt
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