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As Gueishas no Sodoh Higashiyama. Magia em Quioto.

Depois dos workshops das experiências culturais japonesas é tempo de preparar-nos para jantar. Para grande surpresa minha sou obsequiada com um quimono para vestir-me formalmente para esta noite. Naturalmente que não é um quimono em seda com várias camadas e apetrechos como os originais. Este é uma versão mais ligeira, em algodão utilizado no Verão para passear pelas ruas da cidade ou refrescar-se pelas margens do rio. Uma das senhoras do Sodoh Higashiyama ajudou-me a vestir o quimono, a colocar o cinto de forma correta e aconselhou-me a caminhar com passinhos curtos. Logo percebi que este não é um conselho em vão. A saia apertada do quimono não deixa movimentar-nos livremente exige conter os movimentos de forma teatral.

O jantar foi servido num dos salões do andar superior. Grandes janelas abertas deixavam entrar o perfume de uma Quioto meio adormecida. Por entre a escuridão brilhavam as lamparinas e as velas transformando a paisagem num cenário mágico. A decoração interior de estilo japonês apresentava algumas referências ao século 20 ocidental, madeiras escuras, painéis pintados, candeeiros reluzentes em formatos geométricos...

Posso-vos dizer o que comi neste maravilhoso lugar porque apontei no meu caderninho, porém não é disso que me lembro, senão do espetáculo de baile que aconteceu durante o jantar. Duas bailarinhas Gueishas apareceram na sala para realizar uma performance de baile tradicional. Quando as vi aparecer o meu coração começou a bater mais forte. A pele muito branca, os lábios e os olhos desenhados com um precisão inumana, o apanhado surreal do cabelo, as expressões misteriosas, os movimentos contidos, o olhar perdido. Não pude deixar de pensar no livro e filme "Memórias de uma Gueisha" e sentir-me transportada a esse imaginário. Aliás, é engraçado como funciona o nosso cérebro, aquilo que aconteceu é que comecei a reforçar a experiência real com todas as expetativas e ideias que fui acumulando ao longo dos anos sobre o mundo das Gueishas através dos livros e dos filmes. Emocionei-me e fiquei petrificada a olhar para o baile hipnótico destas artistas.

As Gueishas no Sodoh Higashiyama. Magia em Quioto

Depois do deslumbramento inicial, não consegui deixar de pensar na vida destas mulheres e a sentir estranheza... Segundo fiquei a saber, hoje em dia, em Quioto existem cerca de 120 Gueishas. Cada ano, muitas meninas com idade de 15 anos pretendem seguir esta profissão e enviam as suas propostas às Gueishas tituladas. São elas que eligem uma aprendiz, a Maiko. A aprendizagem dura 5 anos e só depois podem tornar-se gueishas autónomas e artistas profissionais tituladas. As jovens Maiko (aprendizes) distinguem-se das Gueishas por usarem um penteado diferente e uma cinto-faixa que cai pelas costas. Durante esses cinco anos, só algumas logram terminar a difícil aprendizagem e aguentar as duras condições de treino. Cerca de 80% acabam mesmo por desistir. Pelos vistos continuam a dormir com um apoio de madeira debaixo do pescoço e a ter que mostrar absoluta subserviência à sua mestre. Num mundo onde o papel da mulher tem vindo a conquistar cada vez mais direitos, parece-me estranhíssimo que alguém escolha submeter-se livremente a este tipo de tortura... porém, percebo o amor pela arte.

As Gueishas no Sodoh Higashiyama. Magia em Quioto

A profissão remonta ao século XVII e se inicialmente eram consideradas "senhoras de companhia", hoje, são vistas como sérias artistas profissionais. Tão sérias que nem sequer lhe podemos tocar. Quando fizemos a fotografia toquei a uma das Gueishas acidentalmente no braço e respondeu-me com um olhar de desconfiança. Ainda bem que não sou diplomata, não fosse o incidente provocar alguma crise internacional... As Gueishas de Quioto preferem chamar-se Gueiko, que significa "filha das Artes". São conhecidas pela sua habilidade para as artes tradicionais, dançar, tocar o Shamizen (uma espécie de guitarra ou cítara), capacidades de comunicação verbal e a capacidade de guardar segredos. Não consegui comprovar estas duas últimas skills porque não falo japonês, mas sim posso assegurar que a dança foi absolutamente memorável.

As Gueishas oferecem bailes ao público em apenas duas épocas do ano Primavera e Outono. Durante o resto do ano, para desfrutar da sua arte é preciso ir a restaurantes (ryotei) como este para apreciar a beleza da sua dança. Em algumas casas de chá (ochaya) e pousadas (ryokan) mais exclusivas também é possível assistir aos seus espetáculos.

As Gueishas no Sodoh Higashiyama. Magia em Quioto

Sobre as bondades gastronómicas do The Sodoh Higashiyama de Quioto (Kyoto) devo avisar que ficaram, de alguma forma, esquecidas devido ao espetáculo e à presença das Gueishas. Porém, o trabalho da equipa de cozinha merece todo o meu respeito e aqui vai a descrição do menú oriental, mas com twist e apresentação ocidental... Iniciámos com um peito de pato assado com legumes da estação e marmelada de morangos, seguiu-se um ovo cozido a baixa temperatura servido numa cebola assada e queijos Taleggio e Mimolette, pequeno prato de pasta orechiette com camarão Sakura, salmão fumado japonês com risotto de algas marinhas e ouriço do mar e um fricassée de vitela com espargos brancos e tomates secos. Um concerto de sabores que tornou a noite numa experiência mágica e perfeita também do ponto de vista gastronómico.

Mais informação sobre o restaurante: The Sodoh

さようなら Sayōnara, Adeus !

Créditos Fotográficos: Avenida Chique | Visit Japan

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