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O sonho do al-andalus. A inigualável Alhambra e o Palácio Generalife em Granada.

Granada dorme, tranquila, a hora da sesta. Do alto da Alhambra vejo a cidadela, o vizinho bairro árabe de Albaicín pintalgado de branco ocre das fachadas e de verde ondulante dos cedros altos. O único que interrompe a paz bucólica é um bulício distante e incerto que provém do Mirador de San Nicolás, talvez música e palmas ritmadas de alguma boda cigana misturadas com o ruído do vento.

Do outro lado, a Sierra Nevada preside, com a sabedoria do seu manto branco, a serena cidade de Granada. Esta cidade é por natureza hospitaleira, aberta e afável. Os “granadinos” e “granadinas”, assim se chamam os residentes de Granada, são bons anfitriões e orgulhosos do seu património histórico e cultural. Comprovei esta amabilidade através do acolhimento cálido dos recepcionistas do Hotel Hospes Palacios de Los Patos e uma visita improvisada narrada por um taxista que nos levou desde as “Cuevas de Sacromonte” de volta ao hotel, no centro financeiro. Estes embaixadores anónimos deram cara e coração à cidade e tornaram a minha estância muito mais agradável.

Granada significa romã, a fruta da abundância. Nome bem escolhido para esta urbe que soube crescer e adaptar-se às diferentes religiões e culturas. A essência de Granada é a Alhambra, essa colina de beleza monumental repleta de palácios e jardins, ruínas romanas, lagos, costumes e tradições. A Alhambra é um dos monumentos históricos mais visitados de Espanha. Os turistas viajam de vários pontos do mundo para admirar a beleza infindável da arquitetura e sonhar com as lendas e as estórias que se enraízam neste lugar. A Alhambra não é só um destino turístico, é também uma meta existencial, de evasão e de encontro com o Outro e com o Tempo. O Al-Andalus é uma metáfora de um tempo passado e glorioso. Hoje, na Alhambra encontramos os Palácios de Mexuar, Comares, Leones e Generalife, fortalezas, jardins, ruínas e também bosques com vegetação frondosa e riachos cristalinos.

Na cidade de Granada encontramos bairros genuínos, com ruas estreitas e gentes amáveis, um mosaico de cores, aromas e sons. Os bairros do Realejo, Alhambra, Albaicín e Centro são lugares que marcam a presença da Granada Árabe, a Granada Cristã e a Granada Judaica. Vale a pena perder-se nas suas ruelas para encontrar pequenos tesouros, como as “teterias” - salões de chá de estilo árabe, degustar pastéis e tapas com sabores inigualáveis, sentir as misturas de culturas e religiões, pensamentos e ideias. Existem várias “teterias” mas uma das mais conhecidas é a Kasbah, que oferece uma panóplia de chás, infusões, pastéis e comidas típicas de influência árabe. Procure estas salas de chá no bairro de Albaicín, concretamente na Calle Caldería Nueva. Vale a pena caminhar desde a Alhambra pela “Cuesta de los Chinos” até aos pés do bairro de Albaicín, o antigo bairro árabe, declarado em 1994 Património Mundial pela Unesco. O bairro foi assentamento de povos iberos e romanos, mas conheceu o seu período máximo de esplendor durante a ocupação árabe. Ainda hoje, o tecido urbano provém da época Nazarí. De aí, seguir pelo Passeio “de los Tristes” até à bela “Carrera del Darro” e de aí ao centro da cidade. Não deixe também de visitar o bairro de Realejo, antigo quarteirão judeu, que cativa pelas suas ruas estreitas e pelo misterioso silêncio.

Quando a noite acontece e a lua banha de magia branca as ruas empedradas e as fachadas das casas, é o momento para dar um passeio noturno por Granada. Nas avenidas comerciais, a cidade fervilha. Aos fins de semana, a partir das 19:00, de Verão ou de Inverno, todos saem à rua. Compram, conversam, divertem-se. Pelas avenidas, praças, esplanadas, cafés, bares e “teterias” veem-se pessoas de todas as proveniências e idades. Porém, há muitas caras jovens, talvez da Universidade de Granada que acolhe anualmente mais de 60.000 estudantes. Admirar as fontes iluminadas e as fachadas renascentistas dos monumentos mais emblemáticos de Granada, é outro grande atrativo turístico.

Porém, a experiência máxima é realizar uma visita noturna à cidade da Alhambra. Os edifícios iluminados ganham nova vida e contam estórias de encantar dos tempos em que a Alhambra era o centro cultural e de poder da Granada Árabe. Dizem que a noite revela a qualidade caleidoscópica da arquitetura. Os arcos refletem cores e luzes, os lagos e fontes transformam-se em espelhos e nos jardins despertam-se aromas noturnos inesquecíveis. Vale a pena descobrir de novo, o que os olhos testemunharam de dia, agora coberto pelo manto da noite. Os detalhes ornamentais e arquitetónicos dos Palácios de Mexuar, Comares e Leones tornam-se ainda mais vistosos. A iluminação traz à vida as figuras, esculturas, colunas, arcos e ornamentos.

Outro lugar onde desfrutar da magia do pôr-do-sol ou da magia noturna é o Mirador de San Nicolás, situado no Bairro de Albaicín. As vistas para a Alhambra e a Serra Nevada são postais inesquecíveis.

Aqui ficam algumas fotografias tiradas com o Iphone ao conjunto de monumentos, fortaleza, palácios e jardins da Alhambra e do Generalife:

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