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Restaurante Henrique Leis. A que sabe o arco-íris? O Chef-mestre da cor e do sabor.

Janeiro e Fevereiro são meses duros para os apreciadores da gastronomia no Algarve. A maior parte dos bons restaurantes estão fechados, o que se pode perceber perfeitamente pois estão a disfrutar das merecidas férias depois de uma temporada atribulada. Porém, nesta época do ano para o algarvio, o residente e até mesmo para o turista, a panóplia de restaurantes, cafés, esplanadas e lugares onde apreciar uma boa iguaria ou um bom vinho, reduz-se significativamente. Neste deserto gastronómico invernal que se estende de Vila Real de Santo António até Sagres, é difícil encontrar um restaurante aberto para ir celebrar uma noite especial. “-E se formos ao X?” “-Oh, não está fechado...” “Então vamos ao restaurante do Y?” Ah, pois é, também está de férias até ao final do mês...” e a cantilena prossegue até encontrarmos algum estóico que matem as portas abertas.

Para quem vive na região central do Algarve a situação não é tão dramática e existem alguns irredutíveis que se fazem ao trabalho, quer faça sol ou chuva, ou que se programam de forma a fechar mais cedo e a abrir antes, para que os ávidos comensais tenham um lugar onde afogar a gula. Um desses casos é o favorito e clássica referência Michelin no sul de Portugal, o restaurante do chefe Henrique Leis, em Almancil.

De origem brasileira, partiu cedo com rumo a França para estudar sob a colher de pau atenta de grandes nomes da cozinha galesa. Há mais de duas décadas que fez o seu quartel geral do sabor e da cor em Almancil – entre a Quinta do Lago e Loulé – numa casa pitoresca à beira da estrada, com semblante de chalet de montanha suíço e uma esplendorosa vista sobre o vale verde de pinheiros mansos que se espraia até ao mar.

Para quem visita o Restaurante Henrique Leis durante o Verão ou em dias de calor costuma guardar memórias relacionadas com uma esplanada solarenga e a sala de jantar no andar de cima com garrafeira e tetos altos. Mas ao comensal de Inverno, aguardam-lhe outros prazeres. O jantar passa para o andar de baixo do chalet, uma sala íntima e acolhedora com paredes brancas decoradas com vigas de madeira escura e quadros, muitos quadros pintados pelo próprio Chef Henrique Lei. Como no conto de “Alice no País das Maravilhas” a magia acontece sempre que coelho-chapeleiro sai da copa com um novo prato. A profusão de cor nas telas transborda para as porcelanas, pintalgando com todas as cores do arco-íris as entradas, os peixes, as carnes e até as preciosas sobremesas.

Mas passemos ao importante, que este post já vai longo e ainda não passei à descrição das iguarias. A cerimónia sibarita para dois foi escolhida “a la carte”, uma mistura de pratos clássicos do reportório do Chef Henrique Leis como o “Ovo-bio “à la Coque” com caviar imperial e salmão fumado” ou a “Lagosta da Costa Algarvia”.

A amuse-bouche ou “saudação da cozinha” é uma fórmula que se mantém quase inalterada e abrange um shot de espuma de aipo em companhia do macarron de beterraba (já um clássico), a trufa de bacalhau, o cone de caviar de caracol e o cilindro de ervas. Uma paleta de sabores delicados e com diversidade suficiente para ir alternando entre o doce, o salgado e o amargo. Em especial gosto do sabor e da textura requintada do macarron de beterraba que se desfaz na boca, desvelando uma onda doce e intensa.

Restaurante do Chef Henrique Leis: Gambas com seus Três Ravioles: Trufa, Lagostim e Foie Gras

Restaurante do Chef Henrique Leis:

Gambas com seus Três Ravioles: Trufa, Lagostim e Foie Gras

 

Escolhemos para a entrada “Gambas com seus três ravioles: Trufa, Lagostim e Foie Gras” e outro grande clássico do repertório gastronómico do chef com estrela Michelin “Ovo-bio “à la Coque” com caviar imperial e salmão fumado ”. Duas gambas gordas e saborosas vieram enriquecidas com ravioles frescos e delicadamente recheados com creme de trufa, um lagostim vermelho e foie-gras. Um molho suave envolvia os quatro elementos, oferecendo um resultado equilibrado e elegante. O “ovo à la coque” é uma surpresa conhecida mas sempre muito agradável. O interior do ovo cozido de forma suave é recheado com salmão fumado e eneldo, e coroado com uma porção generosa de caviar imperial. O “ovo à la coque” é indubitavelmente o rei dos pratos de ovo, uma especialidade francesa aqui apresentada em concerto com "delicatessens" russas como o caviar e o salmão fumado. Ai, as delícias do velho Império!

Restaurante do Chef Henrique Leis Ovo à la coque

Restaurante do Chef Henrique Leis:

Ovo a la coque

Desfrutávamos já do nosso copo de vinho do Douro “Duas Quintas - 2014” quando da cozinha chegou uma mensagem do chef em formato iguaria atlântica. Uma joia marinha emergia de uma porcelana branca pintalgada a cor: um ouriço do mar recheado, com um suave molho branco, espuma e outros frutos do mar. Em cada colherada desta pequena obra de arte, o paladar encontra aprisionado os aromas e os sabores mais profundo do Atlântico. A tempestade acalmada servida com requinte Michelin. Um momento inesperado de êxtase sibarita. Obrigada pela experiência, Chef Leis!

Restaurante do Chef Henrique Leis: Ouriço do Mar Recheado

Restaurante do Chef Henrique Leis:

Ouriço do Mar Recheado

Ainda não refeitos da surpresa atlântica, passámos aos pratos principais. Eu escolhi a clássica “Lagosta da Costa Algarvia “à la Antiboise” que veio empratada com um delicado véu em renda de tinta de choco e acompanhada com pequenos legumes. O meu marido preferiu carne e decantou-se por um “Supremo de Pato novo de Barbarie, marmelada de repolho-maçã”, uma ciração de sabor intenso e certo toque invernal induzido pelas especiarias e o aroma da couve vermelha e da maçã assada. Delicioso.

Restaurante do Chef Henrique Leis: Lagosta

Restaurante do Chef Henrique Leis:

Lagosta da Costa Algarvia “à la Antiboise

Nesta altura do jantar é quase impossível pensar em sobremesa, pois já passámos há muito do número de calorias previstod siário, mas porque “um dia não são dias” lá fizemos a vontade à gula e pedimos algo doce para terminar em beleza a refeição. E devo dizer, que valeu a pena. A nossa escolha recaiu num inesquecível “Duplo Cramble de Maçãs com Gelado de Baunilha”. A disposição do prato era tão bonita que dava pena estragá-la. Porém, o diabólico aroma a manteiga, açúcar e maçã fez-me perder a cabeça. E lá foi a colher direitinha à obra de arte, rompendo-a sem piedade e trouxe um bocado desse pedaço de céu à minha boca. E minhas amigas, acreditem, involuntariamente fechei os olhos e saboreei com um gemido de prazer todo o esplendor dessa sobremesa...

Restaurante Henrique Leis: Duplo Cramble de Maçãs com Gelado de Baunilha

Restaurante Henrique Leis:

Duplo Cramble de Maçãs com Gelado de Baunilha

Preço por pessoa: 80 euros.

Informação para reservas:

Tel: (+351) 913254322

(+351) 289 393 438

Está aberto de Terça-feira a Sábado à hora de almoço e jantar,

e nos meses de Julho e Agosto abre de Segunda-feira a Sábado.

Localização: Vale Formoso | 8135 – 035 Almancil,

Portugal GPS. 37 09. 1032 N – 8 02.7755

Alguns apontamentos fotográficos da noite, tirados com o Iphone:

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