Um paraíso à beira mar plantado. Óscar verde do turismo vem para o Algarve.
Arbustos aromáticos, plantas marinhas, flores exóticas, frondosas palmeiras, imensos relvados. Todas as manhãs, com a minúcia e perfeccionismo de um relojoeiro, Luís inspeciona a poda das árvores, a recolha das folhas, a beleza intacta das flores e o bem estar dos pássaros. A sua missão - quase divina- é criar um cenário harmonioso de fauna e flora que deslumbre os sentidos da Eva e do Adão modernos, - os hóspedes do hotel. Hoje, levo-a de passeio pela inimaginável natureza de um dos melhores hotéis algarvios, distinguido esta semana no World Travel Awards, como o "Green Leading Hotel" de Portugal.
Biodiversidade mediterrânea na flora e fauna do Vila Vita Parc
Um hotel sem jardim é como um quadro sem cor. O pulmão verde que envolve de ar puro o Vila Vita Parc e congrega a brisa atlântica e os perfumes da terra, constitui mais de dois terços do resort. Um jardim de mil e uma cores, aromas e formas, com uma variedade de árvores de grande porte, zonas verdes, arbustos, trepadeiras e flores. Por aqui encontramos desde a tropicalidade das Estrelícias (Strelitzia reginae), dos Agapantos (Agapanthoideae), dos Clorofitos (Chlorophytum comosum) e dos Fórmios (Phormium tenax), até à mediterraneidade das Oliveiras (Olea europaea L) e dos Pinheiros Mansos (Pinus pinea).
Porém, não é só a coleção botânica que apresenta uma biodiversidade notável. Também a fauna, com os diferentes tipos de aves residentes e migratórias, aporta uma magia especial ao resort. Voam livres os Gaios (Garrulus glandarius), as Rolas, as Gaivotas, os Melros, as Popas, as Cegonhas-brancas (Ciconia ciconia), os Cisnes e os Patos Reais (Anas platyrhynchos) e adornam o céu azul com cânticos primaveris.
Um passeio pelos jardins e canteiros que entremeiam os caminhos em calçada portuguesa, leva-nos à descoberta de uma coleção botânica bem preservada. O desenho naturalista do jardim, prevê a integração de plantas autóctones como as Oliveiras e os Pinheiros Mansos, com vegetação de tipo mediterrâneo como as Oleandros (Nerium oleander) e de caráter atlântico, como as Camarinheiras (Corema album), Aroeiras (Pistacia lentiscus), ou as Giestas (Spartium junceum) que se encontram junto ao acesso à praia. As plantas foram escolhidas de acordo com os seus contributos cromáticos e estéticos, e com o momento da floração. No Vila Vita Parc, não existe estação do ano sem plantas em flor. Um quadro natural desenhado para oferecer uma variedade de experiências sensoriais ao hóspede amante da natureza. Os arbustos de cheiro e os rosais plantaram-se estrategicamente nas soleiras das portas e janelas, a fim de que os seus perfumes delicados e frescos se imiscuam, sem pedir licença, nas habitações do hotel.
Oitocentas palmeiras, das variedades Canariensis, Washingtónia, Dactilíferas ou Coqueirais, ondulam ritmicamente a folhagem emprestando um toque tropical ao horizonte verde. Das árvores de grande porte destacam-se os Pinheiros Mansos de copas arredondadas, típicos das falésias mediterrâneas e as grandes Ficus com a sua sombra apaziguadora. Um dos exemplares botânicos mais notáveis é a Árvore de Fogo (Brachychiton acerifolius), originária da Costa Leste da Austrália, que em Julho se veste de flores vermelho-escarlate oferecendo um espetáculo visual inigualável. Também muito admiradas, são as majestosas flores brancas da Magnólia (Magnolia liliflora) que florescem entre Maio e Junho e inundam as veredas com o seu característico perfume. Uma das árvores mais antigas é o Pinheiro Manso, com mais de cinquenta anos que preside a entrada do Kids Club.
O paisagismo naturalista dos jardins inclui vários lagos em pedra de charneca e fontes com repuxo, caminhos, pontes e descobertas inesperadas, como esculturas ou recantos poéticos como a fonte dos namorados, inspirada na história trágico-romântica de Dom Pedro e Dona Inês. Nos caminhos de calçada portuguesa escondem-se alguns desenhos e símbolos com vários significados, como a Rosa dos Ventos no empedrado do Manzar, o terraço de inspiração mourisca que convida a ocasos atlânticos inesquecíveis.
Outra forma de desfrutar da extensão verde do Vila Vita Parc é jogar nove buracos de golfe no Pitch & Putt, ou treinar o jogo de precisão no Putting Green. As bondades da natureza são realçadas pelas vistas ao Oceano Atlântico e os greens aveludados com Bermuda oferecem uma experiência de golfe luxuriante.
Para além das árvores, arbustos e flores ornamentais, a coleção botânica inclui algumas árvores frutais típicas da zona, como as Laranjeiras (Citrus sinensis), Figueiras (Ficus carica), Amendoeiras (Amygdalus communis L.) e até Medronheiros (Arbutus unedo), cujos frutos de alto teor alcoólico - os medronhos -, se utilizam para destilar o típico aguardente algarvio.
Vila Vita Parc, premiado com o óscar verde do turismo, pelas boas políticas ambientais e de sustentabilidade.
Luís Correia: Um vida dedicada às plantas.
Trabalha há mais de oito anos no departamento de jardins no Vila Vita Parc e é o responsável pela flora e fauna do resort. Luís Oliveira nasceu em Silves e a paixão pelas plantas foi-lhe semeada em pequenino pelo seu pai, engenheiro agrónomo de profissão. Hoje, é Luís Correia que cuida desta premiada coleção botânica, com o amor de quem cuida a um filho.
Correia guarda um inventário intensivo das diferentes variedades e exemplares que se desenvolvem nos 15 hectares verdes do resort. Para além da preservação e desenvolvimento das árvores, plantas, relvados e golfe, a sua atividade inclui a proteção e previsão de pragas e doenças botânicas.
Luís Correia revela que o momento mais difícil, foi há cerca de dois anos, quando o escaravelho afetou a população de palmeiras, e, várias, tiveram que ser saneadas. Das cerca de mil palmeiras existentes no resort, ficaram apenas oitocentas. Sempre que fala das suas plantas, ilumina-se-lhe a cara. Um sorriso generoso que fala do respeito pela Natureza e a descoberta, diária, da sua grandiosidade.
Luis Correia, o mestre de jardinaria no Vila Vita Parc.
A estufa de Porches
Para o cuidado de plantas fragilizadas ou a criação de pequenas plantas foi criado um viveiro-estufa em Porches, a poucos quilómetros do resort. A arte minuciosa da jardinaria fica aqui, bem entregue às mãos delicadas de duas senhoras especialistas. Para a estufa são encaminhadas as plantas fragilizadas que precisam de cuidados intensivos. Ali, as plantas são recuperadas e fortalecidas até voltarem à sua vivacidade natural, para serem de novo transplantadas para o seu lugar de origem.
No viveiro desenvolvem-se pequenos brotes, ervas aromáticas e existe uma área dedicada aos experimentos mini-hortícolas do restaurante Ocean. É ali, que também se preparam as plantas para eventos especiais. Por exemplo, em Setembro de cada ano, começa-se a tratar das estrelas-de-natal (Poinsetia) que adornarão a estação natalícia no Vila Vita Parc.
Tratando da delicada relva do Putting-Green.
Os bastidores do espetáculo natural
O estilo naturalista deste grande jardim pode induzir-nos em erro, parecendo que exige menos manutenção. No entanto, são necessárias mais de quarenta pessoas para tratar e preservar os jardins e o campo de golfe. Não é fácil gerir o tratamento das plantas com o bem estar dos hóspedes. Por isso, a diário, uma equipa dedica-se exclusivamente à limpeza das folhas, caruma e desperdício vegetal que emana deste gigante ser vivo natural. O lixo vegetal é transportado para uma zona de tratamento, onde é triturado e armazenado até poder ser reutilizado como fertilizante orgânico.
Um especialista dedica-se ao tratamento dos vários lagos, que ocupam um total de mil metros quadrados. As linhas de água que aportam frescura ao vergel do Vila Vita, são também o lar de Gaivotas, Cisnes e Patos Reais. O pacífico ecossistema que existe nos lagos, já deu belas surpresas este ano: nasceram uma dezena de patinhos e três cisnes.
Todos os dias existem, pelo menos, duas pessoas dedicadas puramente à manutenção da relva. O sistema de corta-relva é diverso, desde máquinas com métodos tradicionais, até ao pico da inovação, um robot oval que desliza silenciosamente pelos relvados.
A rega das plantas é realizada com sistema de gota-a-gota e aspersores, porém, nas zonas novas do resort, como nos jardins da Residence, foi empregue um sistema inovador de rega subterrânea. Trata-se de um método de rega israelita, onde todos os tubos estão localizados por debaixo do relvado, realizando-se a irrigação direta das raízes, mantendo-se o manto superior intacto. Assim, os hóspedes podem utilizar o relvado durante todo o dia, sem serem surpreendido pelos aspersores.
O controlo de pragas e doenças vegetais é feita através da inspeção diária e minuciosa das plantas, recorrendo-se o mínimo possível a agentes químicos. Certas pragas, como as cochinilhas das Buganvílias, são controladas com recurso a pragas naturais, como a dispersão de joaninhas pelos jardins.
Outra curiosidade do respeito pela biodiversidade, é o controle das melgas e mosquitos através do recurso a determinadas plantas. Junto aos quartos dos hóspedes foram plantadas as Malvas de Cheiro (Pelargonium quercifolium), um arbusto de origem sul-africano que emite um perfume adocicado, repelente natural para insectos e no entanto, muito agradável para a percepção sensorial humana.
Solução sustentável: Água dessalinizada
Com o intuito de aumentar o desenvolvimento sustentável do resort, no ano passado, foi construída uma estação de dessalinização de água. A água do mar é transformada em água potável através de vários filtros naturais, e é depois utilizada para as regas das árvores, jardins e do campo de golfe. É apenas no Verão, devido à sequia provocada pelo calor que é necessário um aporte adicional de água para a rega, recorrendo-se a um reforço externo. Porém, estão a ser realizados esforços, para que num futuro próximo, toda a necessidade de água do resort seja coberta pela água dessalinizada.
Proteção da Fauna
O cenário natural do Vila Vita Parc é destino de passagem para milhares de aves migratórias que todos os anos escolhem o Algarve para se refugiarem do frio do norte da Europa, por exemplo, as belas andorinhas ou as míticas cegonhas.
Existem também aves autóctones como os Gaios, as Rolas-do-mar (Arenaria interpres), Maçarico-de-bico-comprido (Limnodromus scolopaceus), as Gaivotas-de-asa-escura (Larus fuscus), as Popas e aves de rapina, como os Falcões-de-pés-vermelho (Falco vespertinus) ou o Peneireiro (Falco tinnunculus).
Recentemente, um dos falcões da espécie Peneireiro embateu em voo contra uma vidraça do hotel. O falcão foi assistido com a ajuda de uma organização especializada em recuperação de aves, a Associação Rias, e depois de algumas semanas de tratamento, foi novamente liberado. A emotiva cerimónia foi conduzida por Sonia Gillig, Diretora de Alojamento do Vila Vita Parc, com o testemunho de alguns dos clientes interessados na preservação de espécies.
O reconhecimento das práticas de sustentabilidade e políticas ambientais
Esta semana o resort foi distinguido com o Green Leading Hotel de Portugal, na edição 2015 dos World Travel Awards. O prémio foi atribuído por profissionais de turismo e viagens de todo o mundo, e vem reconhecer o compromisso do hotel com a excelência em matéria de sustentabilidade e políticas ambientais. [Para conhecer todos os vencedores faça clicl aquí]
Já este ano o Vila Vita Parc recebeu também o selo de qualidade da TÜV Rheinland como eco-hotel, e o Prémio Sustentabilidade Boa Cama, do Guia Boa Cama Boa Mesa, atribuído este ano pela primeira vez em parceria com a Sociedade Ponto Verde, pelo consumo de água moderado, poupança energética e manutenção residual.
As Malvas de Cheiro (Pelargonium quercifolium), é um arbusto de origem sul-africano que emite um perfume adocicado, repelente natural para insectos e no entanto, muito agradável para a percepção sensorial humana.