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O Mundo dos Cavalos. Turismo Equestre na Herdade dos Grous.

Relinchos na tarde quente. “Está quieto rapaz!” Ao chegar à cavalariça ouço a voz grossa do ferrador. Tenta acalmar um garanhão belga, de cor chocolate e bem delineado, enquanto trata de ferrar-lhe o casco. Passo com cuidado por debaixo da corda, pela lateral do cavalo, não vá receber algum coice inesperado. Venho conhecer a Ana, a equitadora-mor.

Os olhos azuis claros desta alemã com coração vicentino, iluminam-se ao falar dos seus cavalos. Primeiro mostra-me as cavalariças, depois o picadeiro e as planícies loteadas com cancelas de madeira, onde vão rodando os cavalos. Ana sabe o nome – escolhido segundo a letra do ano do nascimento - e a história de cada um dos seus equinos. Passa-lhes a mão pelas crinas, acaricia-lhes a cabeça e sussurra-lhe segredos. Na Herdade dos Grous, residem, ao dia de hoje, cerca de quinze éguas e garanhões. São cavalos jovens, de raça belga e árabe, que correm felizes pelas pastagens. Outros, são cavalos sénior, que aproveitam os seus dias dourados e nos brindam com um olhar de mansidão e sabedoria.

Para quem sonha com umas férias com cavalos, não é preciso procurar o rancho de “Hanna Montana” no outro lado do Atlântico. É possível, aqui mesmo, em Portugal, desfrutar de umas férias plenamente imbuídas de cultura equestre. A Herdade dos Grous no Alentejo, oferece experiências hípicas bastante diversas, que acomodam as expetativas de cavaleiros pequenos e adultos, iniciantes, médios ou experientes. Alguns dos quartos e suites estão localizados tão perto das cavalariças e dos cercados, que é possível ver e ouvir os cavalos a todo o momento.

Os cavalos são, para muita gente pequena e graúda, uma absoluta paixão. Outros, como eu, que nunca tiveram grande contacto com estes nobres animais, temos-lhe muito respeito e até um pouco de medo. Por isso, é uma delícia encontrar um lugar onde se equilibra a oferta hípica para principiantes (e medrosos, como eu) e para cavaleiros experientes.

O turismo equestre não se resume a aulas de hipismo ou às mágicas randonnée, esses grandes passeios a meio-trote ou a galope pelas planícies infinitas. As horas de sela são complementadas com o acompanhamento diário dos trabalhos da coudelaria, as limpezas das cavalariças, das selas e dos arreios. A familiaridade com o cavalo pode também conseguir-se através da participação das atividades diárias como dar banho, escovar, alimentar e dar-lhes miminhos. Dependendo da época do ano, é possível observar o trabalho do ferrador que troca as ferraduras dos cavalos com mestria centenária, do veterinário que assiste ao nascimento de um potro, ou até presenciar o adestramento dos cavalos jovens. Na coudelaria da Herdade dos Grous aguarda-nos a pura essência do mundo equestre.

É nas cavalariças que encontro a Ana e a Luís, os dois equitadores que quando não têm aulas no picadeiro ou passeios com clientes, se dedicam ao desbaste e ao ensino dos cavalos.

Ana explica-me que a prática de equitação na herdade é bastante variada e personalizada. Segundo a experiência do cavaleiro podem oferecer batismos, para quem nunca teve contato com cavalos e gostaria de experimentar. Oferecem-se aulas de equitação em picadeiro, experiências de familiaridade nas cavalariças e passeios guiados pela herdade.

Pic-nic equestre

Os passeios a cavalo incluem a observação de aves (Birdwatching) e o disfrute da beleza cénica alentejana. Também é possível reservar a experiência de um opíparo pic-nic alentejano com paragem romântica numa casa de árvore. [Para ler mais sobre esta experiência faça clic aquí]

A charmosa casinha é toda feita em madeira e situa-se no topo de um chaparro. Acede-se à casa por uma escadinha em caracol. Está decorada com gosto, com uma escotilha redonda que oferece vistas para os pinheiros mansos e uma grande varanda, também ela em madeira, de onde se divisa a eterna planície, ponto idóneo para a observação de aves.

Os cavalos ficaram a descansar ao lado da árvore, enquanto nos deliciamos com as vistas panorâmicas. Também eles aproveitaram a pausa para dormir um instante. Talvez porque nunca tive grande contacto com cavalos, nunca tinha presenciado um cavalo a fazer a sesta. Dormem um bocadinho de pé, flexionando uma das pernas, para descansar.

O pic-nic apareceu montado sobre uma tradicional manta de cores alentejana e confortáveis almofadas. No cesto de vime recoberto com panos de linho e renda artesanal, esperavam iguarias típicas da região. Uma seleção de paios e chouriços, presunto de porco preto, pão alentejano, frutas variadas incluindo os belos cachos de uvas da herdade, queijos locais de cabra e ovelha, saladinhas frias de cenoura ensalsada, bacalhau com grão ou de feijão com atum e cebola. Todas estas surpresas gastronómicas, vieram regadas com água fresca e um bom tinto, naturalmente, um dos exemplares da coleção vínica da Herdade dos Grous.

Haverá melhor forma de usufruir da essência alentejana do que trotar por planícies ondulantes, prados verdes, vinhedos carregados de uvas ou pelas margens das lagoas? As paisagens desta herdade abençoadas pelo dourado sol alentejano, oferecem ainda outros pontos de interesse, como o avistamento de veados e centenas de aves migratórias e autóctones. Esta é uma experiência que enche a alma de postais cénicos.

Terminado o passeio, voltamos às cavalariças. Ana ajuda-me a tirar a sela e os arreios ao meu cavalo, a dar-lhe um banho de esponja, a escovar-lhe as crinas e a cauda e a sussurrar-lhe uns miminhos de despedida. Existe uma magia especial, no contacto próximo a um animal tão nobre. Um dos garanhões de cor castanho intenso, desfaz-se com os mimos de Ana. Deita a língua de fora para que lha cocem. [Fiz até um pequeno vídeo deste momento tão ternurento, que pode ver no final deste post.]

À saída dos estábulos encontro a Aladina, a jovem cadela labrador da casa, que me recebe com uma efusão de felicidade e me segue por um passeio de fim de tarde. Passamos cancelas e cercas e vamos, Aladina e eu, descobrir as planícies que circundam os estábulos. Dois cavalos de idade, olham-nos placidamente enquanto se ocupam do feno que se acumula nas manjedouras. Mais à frente, num prado junto aos porcos-pretos, quatro éguas jovens correm livremente e relincham ao céu, onde levantam voo centenas de aves. O ambiente é de pura evasão, cheira a campo, a feno e a liberdade.

Que bom é estar longe do turismo de massas e perdida entre planícies...

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Tel: + 351 284 960 000

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