Restaurante Julinha: o jardim dos sabores
Trago-lhe uma excelente (e desconhecida!) sugestão gastronómica para estes dias de fim de semana prolongado. Venha conhecer o “Julinha”, em Almancil, um restaurante situado numa casa-apalaçada portuguesa, com um jardim maravilhoso e oferta gastronómica "premium" do Chef Daniel Gonçalves. A cozinha portuguesa é reinterpretada com toques contemporâneos e os sabores da terra e do mar são trabalhados com mestria. Um segredo por descobrir...
São as 13:00. O pujante aroma algarvio, um bouquet complexo de flores, pinheiros e arbustos aromáticos inunda os meus sentidos. Conduzo pela estrada de Almancil à Quinta do Lago, com as janelas abertas para deixar entrar esse perfume a primavera, os raios de sol e um ventinho de liberdade. Poucos quilómetros depois de Almancil encontro a cortada, à esquerda, para o restaurante Julinha. Trata-se de um acesso pouco sinalizado e que pode passar desapercebido a quem visita a zona pela primeira vez.
Entro na pequena alameda que conduz ao parque de estacionamento privado do restaurante. Situado numa charmosa herdade com moradia-apalaçada portuguesa, o Julinha oferece uma esplanada com mesas dispostas à sombra das árvores do jardim e um espaço interior acolhedor com lareira e decoração contemporânea. Logo à entrada espera-nos o sorriso hospitaleiro de Sandra Pettersson, a alma feminina do Julinha.
Mas deixemos a poesia bucólica e vamos ao que interessa, a comida. Os pratos têm a assinatura do Chef Daniel Gonçalves, alentejano de Castro Verde, formado e curtido na Suíça e na Alemanha. Porém, como "o bom filho à casa volta", Gonçalves regressou a Portugal há pouco mais de quatro anos para exercer funções como Chef numa residência privada na Quinta do Lago e lançou-se agora, aos 36 anos, com o seu próprio projeto gastronómico.
A arte do Chef Daniel Gonçalves recupera os sabores da gastronomia tradicional portuguesa, em especial a alentejana e a algarvia, introduzindo influências do centro da Europa e um toque de contemporâneo. O resultado são empratamentos bonitos e composições repletas de sabores reais.
“Não há necessidade de mascarar os sabores dos produtos de qualidade da nossa costa e ou da nossa terra, com molhos ou técnicas avançadas, quando o mais simples é talvez a melhor homenagem que fazemos ao produto” diz-nos, enquanto prepara um bouquet de ervas aromáticas da sua horta. Com as mãos a cheirar a hortelã da ribeira, carqueja das beiras, tomilho-limão e a lavanda que me vou sentar à mesa, à espera da degustação de pratos.
E que degustação! Primeiro, chegou uma trilogia de manteigas aromatizadas: azeitona preta, tomate seco e ervas provençais com baguete fresca. Serviram-me um vinho verde Julinha, de produção exclusiva de uma quinta de Amarante para este restaurante e o Julinha da Trofa, no norte do país. Um verde suave, com a quantidade certa de gás e bem leve para acompanhar um almoço de primavera.
O desfile de pratos
Eu bem avisei que como poucas quantidades, mas mesmo assim a mão generosa do Chef Daniel Gonçalves presenteou-me com duas veloutés, umas vieiras e um robalo selvagem... Eu não queria comer as porções completas, senão um dia destes transformo-me num “bonequinho Michelin”! Mas dizer não é fazer, e os sabores dos pratos eram tão bons que não resisti a esvaziar tudo o que me apresentaram!
Provei uma "Velouté de ervilhas frescas do mercado de Faro, ovo de codorniz, chips de presunto ibérico e acento de óleo de sementes de sésamo tostado", sabores interessantes, especialmente pela junção do óleo de sésamos tostado e o crocante do presunto. Depois chegou um surpreendente "Creme de abóbora e gengibre, toque de óleo de semente de abóbora e quenelle de requeijão de Castro Verde sublinhada com lascas de amêndoas tostadas", ainda agora estou a sonhar com esta sopinha pois o gengibre conferia-lhe um sabor mesmo atrevido... Seguiram-se as "Vieiras em mousse de pastinaca, crocante de presunto ibérico, ragout de maçã-verde e raspa de limão" e um majestoso "Robalo selvagem em cama de espinafre suado, camarão e tomates cherry confitados."
Os pratos vieram elaborados com produtos locais do Algarve ou do Alentejo, uma “cozinha honesta” sem adição de glutamatos ou de outros potenciadores químicos de sabor (Deus nos livre de tal sacrilégio culinário!). É aqui, minhas queridas, que se reconhece o mérito de um Chef e a qualidade de um restaurante, mesmo que não tenha estrela Michelin...
Parabéns à equipa do Julinha, em especial à Sandra Pettersson, ao Luis Maia e ao Chef Daniel Gonçalves! Este novo projeto tem todos os ingredientes para dar certo: Localização imelhorável + Serviço Atento e Simpatia + Cozinha criativa q.b. + uma boa dose de valores gastronómicos portugueses reinterpretados com técnicas contemporâneas.
Vá, agora só falta você ir lá e provar! De certeza que vai ter uma excelente experiência. Entretanto, veja por aqui as fotografias...
Para mais informação e reservas:
Restaurante Julinha (antigo Restaurante Aux Bons Enfants)
Areias de Almancil
Estrada de Almancil - Quinta do Lago
8135-144 Almancil
Tel. (+ 351) 914 990 988 ou (+351) 913 833 874
Email: quintadolago@julinha.pt
A entrada para o restaurante Julinha. Um arco em pedra conduz-nos
desde o parque de estacionamento privado até ao jardim privado.
O belíssimo jardim cheio de recantos românticos, onde se degusta
um almoço repleto de sabores acompanhado pelo cântico dos pássaros
e dos perfumes da vegetação algarvia e da horta de ervas aromáticas do Chef.
Nas noites de Verão provavelmente este será um dos sítios mais
bonitos para desfrutar de um jantar "al fresco".
O Chef Daniel Gonçalves, aos seus 36 anos, defende uma cozinha "soulfood"
que respeita os sabores dos produtos da terra, mas introduzindo-lhes
um "je ne sais quoi" contemporâneo.
O meu favorito: "Creme de abóbora e gengibre, toque de óleo
de semente de abóbora e quenelle de requeijão de Castro Verde sublinhada
com lascas de amêndoas tostadas". Parabéns, Chef Daniel!
Outra sopinha para lamber os dedos...
"Velouté de ervilhas frescas do mercado de Faro, ovo de codorniz,
chips de presunto ibérico e acento de óleo de sementes de sésamo tostado".
Provámos dois vinhos verdes da região de Amarante, produzidos especialmente para o
restaurante Julinha da Trofa e para o Julinha da Quinta do Lago.
Com uma produção limitada a pouco mais de 25.000 garrafas por ano, o verde-rosé com monocasta de espadeiro e o verde com casta de alvarinho.
Ambos suaves e com o gás típico do vinho verde a fazer-nos cócegas na garganta :))))
Um sonho de prato: "Vieiras em mousse de pastinaca, crocante de presunto ibérico,
ragout de maçã-verde e raspa de limão".
Um grande tributo ao mar: "Robalo selvagem em cama de espinafre suado,
camarão de Moçambique e tomates cherry confitados."
O Chef Daniel Gonçalves, a "inspirar-se" na pequena horta de ervas aromáticas.
A equipa do Julinha... um trio de sócios bem dispostos: Sandra Pettersson, Luis da Maia
e o Chef Daniel Gonçalves (que estava na cozinha).
Para mais informação e reservas:
Restaurante Julinha (antigo Restaurante Aux Bons Enfants)
Areias de Almancil
Estrada de Almancil - Quinta do Lago
8135-144 Almancil
Tel. (+ 351) 914 990 988 ou (+351) 913 833 874
Email: quintadolago@julinha.pt