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Aventura na estrada e campos de arroz

A alvorada é sinónimo de novas experiências, deixamos para trás o bulício de Hanoi e partimos em direção à Baía de Halong, no golfo de Tonquin. As quatro horas e meia de estrada e tráfico intenso são uma aventura: numa estrada nacional com uma faixa por sentido, cabem dois autocarros, um camião, três motas, duas bicicletas e uma galinha e todos a querer ultrapassar e a buzinar.

A viagem é repleta de instantâneas exóticas e cheias de cor. Uma criança pequena brinca na linha de comboio, lança um papagaio de papel com forma de dragão. As adolescentes que saíram agora da escola, caminham juntas, com os cabelos negros recolhidos num nó de cavalo baixo.

Cada região do Vietname deixa imagens inolvidáveis nas mentes dos visitantes. Não são só as deslumbrantes paisagens que deixam marcas indeléveis, são especialmente as fotografias das rotinas diárias, esses pequenos nadas do dia-a-dia tão rústicos e diferentes do que conhecemos no mundo ocidental. Bambus, arrozais, aldeias perdidas. Armei-me de câmara em punho, passo horas a tirar fotografias. Milhares de fotografias. Tento captar para sempre este momento de descoberta do outro, da paisagem, do tempo e do espaço.

Mesmo escolhidas com cuidado, há poucas palavras que possam descrever com justiça a beleza de uma mulher Vietnamita equilibrando dois sacos de arroz num pau de bambu sobre os ombros e o sorriso tímido a aparecer debaixo do Non Lá, o chapeuzinho de palha típico. Ou a simplicidade eterna dos camponeses no campo de arroz lavrando com búfalos, esse animal de força e resistência, símbolo do Vietname.

Durante a viagem encontramos árvores de goiabas plantadas em terreno arenoso ao lado do rio. Na auto-estrada há vendedores ambulantes que vendem baguettes de pão, de herança francesa. Para os Vietnamitas o pão é um luxo e as pessoas que vêm da cidade para o campo, costumam comprar as baguettes como prenda para as crianças e os idosos.

Passamos por campos de arroz e paramos o carro para falar com os agricultores. Bom, falar... Sem a ajuda da guia seria difícil falar com os Vietnamitas, porque existem vários dialetos, embora 80% da população domine a língua oficial, o Viet. Contam-nos que costumam realizar de duas a três colheitas de arroz por ano. Também cultivam bananas e milho.

Os camponeses mostram-nos como preparam o terreno, uma pasta arenosa para colocar as sementes já germinadas do arroz. Um mês depois quando a planta tem 15-20 cm transplantam-na para o campo. Há que esperar 4 meses para colher, quando saem as espigas. Em todo esse tempo não se pode tocar nas plantas e os camponeses vão para as cidades vender diferentes produtos.

A colheita é feita à mão e para lavrar usam o búfalo. Para separar as espigas dos grãos usam máquinas e também para tirar a casca. Depois da retirada da casca grossa, têm arroz integral, só depois de retirada a casca fina, chega o arroz branco. Toda a produção do arroz é ecológica e reutilizável: a casca grossa e as plantas usam-se como combustível e a casca fina reutiliza-se como alimento para os animais. Os camponeses vietnamitas sofrem de reumática, porque têm os pés em água e lodo durante toda a vida. Dhing, uma das camponesas, mostra-me os pés e as pernas cheias de chagas.

E é nesse encontro com o verdadeiro, o autêntico e o real que eu paro para pensar. No que somos, no que sou. E as perguntas ecoam na minha cabeça sem respostas.

É que às vezes viajar, tem destas coisas... pensamos que deixámos a nossa identidade em casa, mas afinal ela veio connosco e é a nossa lente e a tradutora das imagens e do encontro com o outro. O outro que também sou eu, um espelho de trocas entre visitante e visitado.

Para mim, a Dhing é exótica e é real. E para a Dhing sou eu a exótica.

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