Fim-de-Semana Romântico no Alentejo: Herdade dos Grous
Um monte a perder de vista. Bois pastam mansos debaixo dos chaparros. O céu azul e eterno abençoa-nos com a sua imensidão. A estrada contorna as searas secas de um verão tardio.Viemos passar o fim de semana a uma herdade no Alentejo. 730 hectares em Albernôa, perto de Beja, conformam a Herdade dos Grous.
Estamos na época das vindimas e há uma azáfama na herdade, os cestos das uvas a chegar, as pessoas alegres e ansiosas. Todo este bulício contrasta com a paz do sítio.
Na herdade à entrada do edifício principal, espera-nos um cão grande e negro. Parece estar aí desde a eternidade, como um mordomo inglês, fiel e constante. As paredes pintadas de branco e azul, contrastam com o vermelho dos telhados e das tijoleiras. Cá fora num pátio criam-se lavandas e rosmaninhos. O aroma é inebriante. Ai está a garrafeira, o restaurante e a receção do hotel. É o edifício principal, umbigo de toda a atividade hoteleira da Herdade dos Grous. A herdade foi adquirida à alguns anos pelo grupo Vila Vita Hotels e dedica-se à produção de vinho, agro-pecuária, produtos agrícolas e frutos e oferece ainda alojamento rural premium.
Para chegar aos quartos havemos de atravessar a Herdade, nas bicicletas brancas que estão à disposição dos hóspedes. Passeia-se numa estrada empedrada e pelo caminho vão-se descobrindo os montes cobertos de vinhas perfeitamente alinhadas, um parque de eucaliptos que dá sombra a uma família de cabras, as casas dos caseiros e dos empregados da herdade, lindos cavalos à solta entre chaparros e oliveiras, uma cerca com porcos pretos e os seus leitõezinhos, cinco gansos, duas avestruzes, e finalmente os estábulos, uma igreja (Ti-lim!) e eis que chegamos aos edifícios brancos e azuis onde ficam os nossos quartos.
As bicicletas ficam estacionadas lá fora. As portas, janelas e toda a decoração lembram o charme das antigas casas de campo. Por dentro encontramos os tetos árabes, uma lareira grande e sólida, rodeada de confortáveis sofás e móveis antigos. As casas de banho são amplias e com o charme dos azulejos tradicionais, em branco, azul e amarelo. Um pequenino ramo de espigas e flores do campo, deixado talvez pela empregada de quarto, faz-me sorrir. O amor aos detalhes ganha uma nova dimensão na Herdade dos Grous.
O meu marido aparece-me com dois copos e uma garrafa de vinho tinto da herdade, cortesia da casa. Deixamos o quarto e vamos procurar um lugar romântico onde degustar o vinho, sangue púrpura alentejano. Mesmo em frente aos edifícios dos quartos estão os lagos. Espelhos de água a transbordar de vida. Estão cheio de aves típicas do baixo Alentejo. Miríades de cegonhas brancas e de pequenos grous suspendem-se nas árvores e nas ondinhas do lago. Encontramos um pequeno coreto, com colunas em branco e azul e sentamo-nos um bocadinho à sombra. Faz calor. Já estamos no princípio de Outubro e mesmo assim, herdámos as temperaturas altas de um verão tardio. De aí, divisamos uma ponte em madeira que atravessa o lago. E para aí vamos.
Sentados no pontão em madeira, com as pernas a baloiçar sobre a água, observamos melhor as aves. Abrimos a garrafa e fazemos um brinde à vida, ao sossego e à natureza. E para coroar o momento romântico, recebemos a visita de um picanço real, uma pequena ave de penugem azul e branca e uma caudita a negra a saltitar de felicidade.
Essa noite ao jantar, provámos as especialidades da gastronomia local: orelheira de coentrada, cenouras alinhadas, sopa de beldroegas com queijinhos, lombo de porco preto, pratos elaborados com ingredientes produzidos na herdade.
As iguarias alentejanas foram regadas com os vinhos da coleção da Herdade dos Grous: Branco Reserva e o Tinto Moon Harvested, que resulta de uma combinação com uvas da casta "Alicante Bouchet". Na Herdade dos Grous crescem essencialmente as variedades de uva "Trincadeira" e "Aragonez". O solo arenoso com cal, argila atravessado por muitos magnésios, confere aos vinhos um tempero especial do "terroir" da Herdade.
Mas a sobremesa veio com uma surpresa especial. Provámos o "Herdade dos Grous Late Harvest" um vinho fino de sobremesa, feito com a doçura da paciência e com as uvas "Petit Manseng"das últimas colheitas. As uvas são vindimadas no último momento e têm tempo de adocicar e de guardar toda a essência e a magia do outono dentro delas. O resultado é um ouro líquido, cheio de perfumes complexos e aroma a especiarias, gengibre, mel, passas, baunilha e aromas tostados provenientes do estágio em barrica.
Depois da prova de vinhos, a cabeça contente e o estômago cheio quem é que volta em bicicleta para os quartos? Além disso a noite trouxe um manto de frio repentino. A solução foi encontrada pelo simpático chefe de sala que nos levou no seu próprio carro até aos quartos. Hospitalidade portuguesa no seu melhor!
Nos dias seguintes, inundámo-nos de paz ao descobrir novos caminhos e passeios a pé pela bela natureza da herdade e fomos acompanhados por uns leitõezinhos de porcos pretos que nos seguiam a todo o lado os passos.
Recomendo vivamente. Aqui pode viver um verdadeiro encantamento rural, com os melhores vinhos, iguarias e o mais importante, com um serviço dedicado.
Mais informação:
Herdade dos Grous|Albernôa|P-7800-601 Beja
Telefon: + 351 / 284 / 96 00 00|E-Mail: info@herdade-dos-grous.com