Tem um encontro ao pôr-do-sol.
Há coisas que contêm uma beleza óbvia. De tão óbvia, que nos esquecemos delas. O pôr-do-sol é um dos momentos mais bonitos do dia (já para não falar do nascer do sol, mas não lhe vou pedir tanto sacrifício). O ocaso acontece todos os dias. Mas normalmente andamos tão ocupados com as nossas vidinhas que nos esquecemos dele. Faça o que fizer este fim-de-semana, marque um encontro com o pôr-do-sol. Se tiver companhia, ótimo. Se não, aproveite e faça deste instante um momento só para si, de contemplação interior e de apreciação da enorme beleza que existe neste mundo.
Em sítios como Santorini, na Grécia, existe um costume apaixonante. O culto ao pôr-do-sol. Mais ou menos uma meia hora antes do ocaso começam-se a ver as pessoas a sentarem-se em esplanadas, muros, escadas. Algumas com Iphones e câmaras fotográficas. Todas com ar entusiasmado, à espera de um espetáculo único. Então fixam o olhar no horizonte e acompanham o movimento lânguido do sol que desaparece atrás da linha do horizonte marinho. No último momento ouve-se um ruído espantoso. Uma salva de palmas em toda a ilha e que te chega em ondas de som, envolve-te e de repente, as tuas mãos estão também a bater palmas. Aplaude-se ao sol, ao pôr-do-sol e à vida.
Outro sítio onde encontrei o pôr-do-sol a ser celebrado com tambores, dança e aplausos foi no areal de Valle Gran Rey, Gomera. Quando vivi nas Ilhas Canarias, costumávamos passar alguns fins de semana de barco no pequeno porto de pescadores. E o acontecimento do pôr-do-sol era celebrado pelos "últimos hippies" da Europa que residem na zona à procura da paz. Sentava-me entre eles e aprendi que a felicidade é feita de coisas simples, como um aplauso ao astro-rei.
O contato com as diferentes culturas fez-me sempre pensar.
Pense em si. E no seu pôr-do-sol. Escolha o seu lugar favorito e aguarde esses minutos em silêncio.
Ou estoure de alegria. Mas não se esqueça de viver.