O Poder do Cor-de-Rosa. Liberte a Barbie que há em si.
E pergunta você: e esta apologia do cor-de-rosa vem a propósito de quê? Pois, da nova coleção cápsula que Jeremy Scott preparou para a Moschino e que foi apresentada esta semana. Na próxima Primavera voltamos ao mundo cor-de-rosa e às Barbies. A coleção choca. A coleção encanta. À primeira vista pensa-se: a Moschino crê realmente que uma mulher crescida vai andar assim vestida? E depois pensamos, porque não? Devemos algo a alguém? Parecem Barbies? Sim. Mas o que é que são realmente? Isso: Mulheres sem Medo.
S.W. Mulher trabalhadora. Mulher mãe. Mulher esposa. Mulher dona de casa. Mulher estudante. Mulher desportista. Super Mulher.
Somos todas essas mulheres numa só. Fazemos três coisas ao mesmo tempo e bem! A nossa lista de tarefas durante a semana é tão grande, que acabamos por nos esquecer do mais importante. De nós e de quem levamos dentro.
E dentro de cada mulher há também uma princesa. Às vezes uma princesa guerreira, às vezes uma princesa trabalhadora, às vezes uma princesa sonhadora.
Vivemos numa sociedade influenciada pela moda, pelos meios de comunicação. As reportagens, as imagens, a publicidade que nos chegam através da imprensa escrita e as revistas femininas contribuem muitas vezes para a representação mitificada da vida e do corpo femininos. De tal forma que o conceito do corpo ideal varia segundo o padrão, a convenção de cada sociedade e está relacionado com a sexualidade. O conceito do corpo ideal é influenciado em cada época pelas normas sociais, institucionais e culturais. A ideia do corpo ideal é portanto socialmente construída.
As modelos, essas embaixadoras dos sonhos, as atrizes ou as desportistas de sucesso, são eternizadas pelas lentes dos grandes fotógrafos, produzidas e maquilhadas até atingir a perfeição. E se nas imagens destas Vénus de Milo modernas ficar algo imperfeito, será imediatamente disfarçado com algum software de correção fotográfico. Tudo isto para vender os mesmos produtos à escala mundial, para que milhares de meninas, raparigas, mulheres desejem o mesmo, comprem e sonhem o mesmo.
Na moda contemporânea encontramos uma tríade temática corpo-beleza-sexualidade. O discurso ambivalente, ora pró-feminista, ora pró-barbie, refletindo as contradições próprias da mulher, que embora procura a emancipação, não deixa de estar controlada por um mundo e uma cultura dominante masculina, de poder e de dinheiro.
Dentro da minha, e talvez também, das vossas cabeças, convivem dois mundos antagónicos. Por um lado, quero ser absolutamente independente e lutar com direito próprio ao mesmo lado de um homem. É o meu lado pró-feminista. Quando vou para o trabalho sei que me tenho que esforçar o dobro. Porque numa empresa, seja na Europa, na América ou na Ásia, uma mulher sempre trabalha mais que um homem. E ganha menos. Ganha menos dinheiro e menos reconhecimento. Por isso, no trabalho às vezes sou mais dura que um homem, sinto que se assim não for me passam por cima.
E talvez por isso, por ser dura e exigir tanto de mim, no trabalho, na casa, na família, preciso voltar a reencontrar e cuidar o meu lado mais rosa. Talvez seja por isso que escrevo o Avenida Chique, que leio revistas cor-de-rosa, novelas, séries românticas e consumo conteúdos que celebram o ideal de beleza perfeita, o mundo da cosmética, da mulher-boneca, da mulher princesa.
Quando era pequena brincava com bonecas. Sempre gostei de cor-de-rosa Mas durante anos e anos o meu guarda-fatos era apenas feito de cinzentos e negros. Ia para o trabalho "uniformizada" porque queria que vissem o meu lado profissional, duro, forte, masculino e queria esconder o meu lado sensível, mais feminino. Acreditava que isso me ia tornar mais segura e que assim ia ter sucesso. Guardava só para o "tempo livre" os saltos altos, as saias e os vestidos.
Mas hoje, que já passaram alguns Verões por mim, vejo que mudei. Hoje sinto-me muito mais segura de mim mesma. Não tenho que demonstrar a ninguém que sou mais dura, mais profissional ou mais inteligente que um homem. Do meu guarda-fatos desapareceram os fatos de casaco e calça. Agora há vestidos de várias cores, saias, tops floridos, acessórios e roupa até demasiado "girlie". Não importa. Gosto de cor-de-rosa e sou uma mulher forte. Porque cor-de-rosa não é sinónimo de ser fraca ou tonta.
Ao contrário, as mulheres de hoje usam o "pink" e os saltos-altos com brilhantes como reivindicação de uma nova identidade. Ser feminina é também ser princesa. Princesa-guerreira, mas sempre princesa. Cor-de-rosa é hoje a cor das guerreiras.
E pergunta você: e esta apologia do cor-de-rosa vem a propósito de quê? Pois, da nova coleção cápsula que Jeremy Scott preparou para a Moschino e que foi apresentada esta semana. Na próxima Primavera voltamos ao mundo cor-de-rosa e às Barbies. A coleção choca. A coleção encanta. À primeira vista pensa-se: a Moschino crê realmente que uma mulher crescida vai andar assim vestida? E depois pensamos, porque não? Devemos algo a alguém?
Parecem Barbies? Sim. Mas o que é que são realmente? Isso: Mulheres sem Medo.
Beijinhos Chiques,
Mais informação em: Moschino - Web Oficial
(Créditos das Fotos: Moschino / Composite by Avenida Chique)