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Outro caso de "Portugalite" aguda. A minha paixão súbita pelo centro de mesa de José de Guimarães by

S.W. Reconheço. Sofro de "Portugalite" ou seja orgulho nacional. Talvez por ter estado fora de Portugal durante 14 anos, olho agora "cá para dentro" de outra forma. Aprendi também várias coisas: uma delas é que este pequeno retângulo "à beira mar plantado" está cheio de sítios lindos e de pessoas com coração, capazes, trabalhadoras, empreendedoras e que não devemos nada a ninguém. Podemos não ser o povo mais alegre da festa, isso é verdade, mas sim somos pessoas com valores, criativas e aventureiras. No ADN de cada português residem ainda resquícios do pedigree dos grandes exploradores, a vontade e a descoberta de mundos desconhecidos. É por estas coisas que eu não tenho, nem nunca tive "síndrome de emigrante de mala de cartão" e sou Portuguesa até ao tutano.

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Por isso, prefiro comprar (sempre que possível) marcas portuguesas. É quase um fetiche patriótico. Pergunto: se nós não ajudarmos e acreditarmos nas nossas empresas, quem é que o vai fazer?

O único problema é que cá em casa, o meu marido é alemão e tem a mesma "devoção patriótica" pelos produtos "made in Germany". (Já estão a imaginar as guerras diplomáticas :) ) Muitas vezes resolvemos a questão equilibrando as escolhas, ora uma empresa portuguesa, ora uma alemã, embora existam certas coisas onde é impossível concorrer: há melhor coisa que um carro com tecnologia alemã? Pois não, não há. Mas há muitas, mesmo muitas outras coisas em que nós, portugueses somos bons.

Por exemplo acessórios para a casa: porcelanas, cristais, elementos de decoração, tento sempre levar a minha avante e puxo sempre para as marcas portuguesas... Vista Alegre, Porcel, Spal, Atlantis entre outras... Claro que se eu perguntasse a opinião do meu marido, de certeza que vinha com a história que a "Villeroy & Boch" também é boa... :))). Por acaso até é, mas as nossas porcelanas são também uma maravilha! E contam histórias que têm a ver com o tal imaginário português...

Certo que as marcas de porcelana mais valoradas do mundo não são portuguesas. Nos leiloeiros mais exclusivos e nas mesas nobres e oligárquicas deste mundo encontram-se peças da "Bernardaud", da "Royal Copenhagen of Denmark", da "Raynaud", da "Spode", "L'Object" ou da " William Yeoward". Não lhe tiremos o mérito. São peças artesanais, de valor incalculável e de extraordinária beleza. Mas como eu sou portuguesa, cá em casa temos porcelana lusa. E acabou-se a história.

Isto tudo, para dizer que me apaixonei à primeira vista por uma peça que vi hoje na montra da Vista Alegre! Trata-se de um centro de mesa assinado pelo galardoado José de Guimarães. Há anos que sou uma fã incondicional deste artista plástico. A paleta de cores e o desenho desta peça são exatamente as que José de Guimarães normalmente utiliza nos seus quadros e que torna a sua obra única. José de Guimarães é um dos mais conceituados artistas contemporâneos portugueses. Nasceu em 1939 em Guimarães, no berço de Portugal. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e está representado entre outros na colecção do Estado Português, na Fundação Calouste Gulbenkian no Rockfeller Art Center (Nova Iorque), no Museu Jesode Hatoria (Antuérpia), no Museu Dinona (Israel), no Carlton University (Otawa) e no Museu de Arte Moderna (Mendoza, Argentina), entre outros.

A peça intitula-se "Oceanos" e é um tributo à nossa história de conquista do espaço marítimo, da aventura e a descoberta protagonizada pelo povo português. São apenas 500 exemplares, portanto, uma edição limitada e numerada.

Este amor pela porcelana é de família e só se revelou a partir de uma certa idade... Em casa da minha mãe também se coleccionam serviços e peças e eu nunca lhe prestei muita atenção. Não sei bem como, nem porquê, mas com o passar dos anos vamos refinando o gosto e começamos a olhar para os objetos de uma outra forma. Agora dou por mim a coleccionar serviços de chá e a procurar em antiquários e em leilões peças especiais. Mas ainda assim, prefiro a arte contemporânea.

Talvez por isso creio muito interessante que a Vista Alegre vá renovando a sua imagem e convidando a artistas para desenhar peças únicas. Esta colaboração com José de Guimarães é portanto um projeto extraordinário e insere-se no âmbito do "Projeto Artistas Contemporâneos". Desde 2008 que esta empresa promove alianças entre a porcelana e a arte contemporânea. Existem já peças assinadas por destacados autores como Eduardo Nery, Manuel João Vieira, Pedro Calapez, Joana Vasconcelos, Oscar Mariné, Nadir Afonso, Malangatana, Portinari, Armanda Passos, António Ole e Cruzeiro Seixas.

Se for como eu, que adorava ter um original de José de Guimarães mas ainda não conseguiu juntar "os trocos" , aqui fica esta sugestão... o centro de mesa "Oceanos" é mais acessível e custa apenas 350 euros.

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Uma das minhas obras favoritas de José Guimarães. Óleo sobre tela, à venda por 35.000 euros, na www.privategallery.pt

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