A série "Suits" analisada: um caso sério de estilo.
S.W. Depois de "Sex in the City" ou "Gossip girl", a série que está a revolucionar as "fashionistas" chama-se "Suits" (USA Network). Os advogados e empresários mais ferozes de Nova Yorque andam impecavelmente trajados com fatos Tom Ford, Burberry e com cortes de cabelo de "10.000 dólares". As personagens femininas usam figurinos de Gucci, Prada, Dior ou Victoria Beckham, dignos de passarele. Mesmo que não goste de séries de advogados - e acredite que o enredo é intrigante e altamente aditivo -, vai ficar presa ao ecrã a babar com o estilismo. E é vê-las desfilar pelos corredores dos escritórios, tribunais e salas de reunião com os Valentinos, Louboutins, malas Hermés, Yves Saint Laurent ou Bottega Veneta... Eu que sou fã absoluta da série, levo-a a coscuvilhar o guarda-fatos de Suits...
Está claro que uma série que se intitula Suits (fatos), para além de apresentar um enredo intrigante inspirado no mundo dos grandes advogados e dos "private investment bankers" põe igual ênfase no estilismo das personagens.
A comunicação externa e a construção da imagem de cada personagem consegue-se através da escolha certa dos acessórios e da roupa. Essa caraterização exterior que os escritores fazem através das palavras, em cinema ou televisão é feita pelos estilistas com o desenho dos figurinos.
Primeiro, as apresentações. A estilista de Suits chama-se Jolie Andreatta. Esta génio do stylling é a responsável por vestir e criar a aura das personagens principais mas também das secundárias e dos figurantes de Suits. Entrou na série apenas a meio da temporada 1 e é impressionante o refinamento que aportou à caraterização das personagens nas temporadas que se seguiram.
Jolie Andreatta reside em Los Angeles e é portanto natural que começe por recolher as peças para o estilismo feminino nas melhores boutiques da sua cidade: "The Address" e "L.A.' Decade". De caminho ao lugar das gravações no Canadá, pára em Nova Yorque em boutiques como "Neiman Marcus" ou pelos grandes armazéns como "Bloomingdale's", "Saks Fifth Avenue" ou "Barney's". Esta estilista "globetrotter" faz também shopping nas boutique mais "in" de Toronto, "The Cat's Meow" (vintage) ou " The Room".
Harvey Specter (Gabriel Macht), Mike Ross (Patrick Adams) e Louis Litt (Rick Hoffman) são os protagonistas masculinos desta trama. Cada um deles tem uma personalidade definida, raízes, formações, valores e atitudes diferentes. Está claro que o guarda roupa destas "figuras da ficção" também tinha que ser diferenciado e estar de acordo com o estilo próprio de cada personagem. De acordo com a informação fornecida pela USA Network, a estilista Jolie Andreatta tem cerca de 30 fatos diferentes para cada protagonista e um recheado stock de mais de 100 fatos para vestir aos personagens secundários e figurantes. Uau!
Os figurinos de Andreatta comunicam a história não contada, os antecedentes, a posição social, os valores da personagem. De novo, a semiótica da moda aparece aqui a criar significados em diferentes escalões e passíveis de diversas interpretações segundo a bagagem cultural de cada espetador. Quem conhece e admira as marcas fica fascinado com o desfile das peças de arte-moda e acessórios que aparecem no ecrã. Cada peça tem uma história, uma razão para estar ali e para além do enredo principal construído pelos guionistas, temos a esta habilidosa estilista, Jolie Andreatta e à sua equipa de estilistas a contar-nos histórias paralelas. Nada está ali ou aparece ali, por acaso. O espetador que não percebe nada de moda -ou não está interessado nestas "aparentes" frivolidades- vê apenas impressões de estilo mas que compõem, no seu subconsciente a imagem externa e a aura da personagem.
O estilismo feminino de Suits revelado...
Mas passemos às heroínas da série e ao seu refinado estilismo: Jessica Pearson (Gina Torres) a grande chefe; Donna Paulsen (Sarah Rafferty) a super secretária e Rachel Zane (Meghan Markle) a solicitadora que sonha com ser advogada.
Verdade seja dita, quando entram em cena fico quase sem respiração a admirar os figurinos. O meu cérebro habituado a fazer várias coisas ao mesmo tempo (e bem;)) quase não consegue acompanhar as primeiras frases das personagens, porque está embasbacado com os fatos de silhueta cintada e corte impecável, as saias tubo, os vestidos, os penteados clássicos, os sapatos de salto e as malas...
É como ir ao Louvre e olhar para as obras de arte que enriquecem as paredes. Mas aqui as obras de arte são assinadas pelos desenhadores do momento, como Victoria Beckham, Karl Lagerfeld, Narciso Rodriguez, Carolina Herrera ou Jason Wu e estão vivas e a cores e desfilam no ecrã gigante da minha sala.
Jessica Pearson, interpretada por Gina Torres é a grande "boss" do escritório de advogados. Isso só por si é já uma revolução muito positiva para o movimento de género. A sócia maioritária da poderosa empresa "Pearson Specter" não é um homem. É uma mulher, inteligente, bonita, divorciada e afro-americana. Adeus, estereótipos!
Para reforçar o poder e a feminilidade clássica de Ms. Pearson, Andreatta escolhe linhas simples mas com silhuetas cintadas. Alguns dos fatos têm cortes inspirados na melhor alfaiataria masculina, mas prendem-nos com detalhes inesperados, como um ombro ao descoberto, um decote nas costas ou uma saia tubo compridíssima e que marca extraordinariamente as curvas da bela balzaquiana. Também usa vestidos estruturados com detalhes centrados na linha do pescoço, decotes à barco e em "v" e confecionados com materiais colantes que nos fazem perguntar se realmente alguém usa aquele vestido para ir ao trabalho e muito menos para dirigir uma grande empresa. Mas estamos numa série de ficção onde tudo é permitido (ah! Esse momento de suspensão do real)...
As carteiras de Jessica Pearson são o epítome do luxo. A grande advogada empunha com estilo, classe e dignidade própria as criações dos melhores estilistas. Usa especialmente "tote bags" Birkin de Hermés, Fendi, Balenciaga, Bottega Veneta, Bally, Saint Laurent... Sapatos de salto alto "stilettos" ou "peep-toes" de Manolo Blahnik, Christian Louboutin ou de Stella McCartney.
As cores dos figurinos de Pearson são diversas e tanto pode aparecer de vermelho paixão, como de roxo misterioso, negro clássico ou branco imaculado. Por vezes opta por combinações bicolor clássicas como o branco e negro, ouo bege e branco e algum pequeno toque de estampados florais. Se entramos dentro do seu guarda-roupa encontramos a vestidos, saias e blazers de Donna Karan, Stella McCartney, Antonio Berardi, Givenchi, Armani, Rachel Roy, Alexander McQueen, Burberry, MaxMara... Usa jóias clássicas de estilo vintage, como as de Carole Tanenbaum, ou do Club Monaco. Quem me dera perder-me nesse guarda-fatos e experimentar todos e cada um dos maravilhosos looks!
A jovem futura advogada Rachel Zane tem um estilo clássico e elegante. Nas primeiras temporadas usava essencialmente saias tubo em fazenda, tops em cachemira com algum apontamento em renda ou camisas brancas ou azuis. Nada arrojada com as cores, vemos a Zane sempre em tons neutros como beges, brancos, cinzentos ou azuis. Cores vibrantes como o vermelho ou o coral não existem no vocabulário desta personagem. Nas ultimas temporadas melhorou bastante o figurino de Zane graças ao uso de desenhos de Burberry Prorsum. Desde o clássico "trench coat" que a acompanha no caminho ao escritório, até ao roupão de seda que utiliza nos momentos íntimos, encontramos o bom gosto do corte ou os míticos quadrados Burberry. As saias tubo das temporadas mais recentes são mais arrojadas, com detalhes sexy como zippers traseiros, lacinhos nas pregas ou confecionadas em materiais trabalhados ou pele. Calças, nunca. Porque será?
Já Donna Paulsen (Sarah Rafferty), a super secretária, a mulher por detrás de Harvey Specter tem um dos estilos mais invejados de toda a série. Uma personagem com uma personalidade vibrante, um sentido de humor cínico-chique, e em controlo absoluto de tudo e de todos. Tem gostos caros e em cada episódio rivaliza o seu estilo com todas as protagonistas femininas... e ganha! Paulsen usa essencialmente vestidos ajustados com comprimento pelo joelho ou saias tubo. Tal como Pearson a escolha recai sobre designers como Donna Karan, Stella McCartney, Armani, Rachel Roy, Alexander McQueen, Burberry, MaxMara... Ultimamente aparece também com combinações saia blusa de Dior. O penteado sempre solto, cor ruivo intenso, tamanho comprido bem cuidado e ligeiramente ondulado nas pontas, dá-lhe um ar matador de "Gina" do século XXI.
Em nenhum episódio encontrei sapatos femininos baixos, nem sabrinas, nem mocassins, nem "oxfords", nem "creepers", nem"mary janes", nem sapatinhos "babie" de salto médio, nada. A metáfora da vertigem do poder é apresentada sob a forma de saltos vertiginosos, que conferem um ar bamboleante às confiantes executivas, todas formadas em Harvard.
(e há tanto para dizer que este post fica por aqui e amanhã vamos ao estilo dos protagonistas femininos)
Qual é a vossa personagem favorita em Suits?
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