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Henrique Leis, o chef pintor. O Avenida Chique foi provar o restaurante com Estrela Michelin há mais


Adoro histórias de Amor. E hoje tenho duas para contar, uma sobre o amor de um chef brasileiro e de uma algarvia, a outra sobre o amor entre a cozinha e a paleta de cores do artista. Ambas histórias versam sobre o mesmo homem, apresento-vos a Henrique Leis, o chef pintor.

Então, começo com a história romântica... Era uma vez um chef de um país distante, mais concretamente de Maranhão no Brasil, cheio de talento e de seu nome Henrique Leis, que escolheu viver em Portugal e por cá estabelecer o seu restaurante porque se apaixonou perdidamente por uma bonita rapariga algarvia... Oh, que lindo! E quando provei as suas criações, premiadas com estrela Michelin há mais de 15 anos , percebi que só podiam ser ideadas por alguém muito especial, e cuja intensa paixão se revela de igual maneira quando falamos sobre haute-cuisuine e arte. Henrique Leis vive em Portugal desde 1993 e a sua oficina de sabores está situada num pitoresco chalet de estilo suíço perto de Almancil, no Algarve.

A noite estava fresquita e por isso em vez de nos sentarmos na varanda panorâmica com vista sobre o skyline de Almancil e Quinta do Lago, optámos por entrar na sala de jantar... e ainda bem... as paredes estão decoradas com quadros pintados pelo próprio chef e fotografias artísticas de algumas das suas criações gastronómicas. Pinturas e fotografias estimulam os sentidos e antecipam o que aí vem: um festim de sabores cuidadosamente empratados, como se se tratassem de obras primas. Ainda estava a sonhar com as formas e cores dos quadros e eis que se materializam no amuse bouche, uma colorida composição de shot de melão e melancia e um macarron de beterraba. Fresco e simpático, mas o sabor, bom... verdade seja dita, nada do outro mundo. Mas não se preocupem, as boas surpresas gastronómicas estavam por chegar...

Provei de entrada um Salmão Selvagem Marinado, seu Cannellone de Abacate e Sorvete de Pepino. Uma entrada memorável pois em cada garfada encontrei uma complexa explosão de sabores. O meu marido experimentou o Tártar de peixe-galo, um prato lindíssimo com uns cannellones de cores a sublinhar o topo do tártaro no entanto o sabor era bastante neutro. Não me levem a mal, o prato vale pela experiência visual, mas faltou-lhe un je ne sais quoi no paladar.

Os pratos principais chegaram: para mim um Supremo de Pregado Selvagem, Gel de Risoto com Leite de Côco e para o meu marido um Lombinho de Veado, Molho Poivrade, Bombom de Castanha. De novo a apresentação das iguarias foi de cortar a respiração. Aqui, uma pincelada de molho, ali, uma flor colocada com precisão. As cores e as formas estudadas ao milímetro. Leis, um Picasso entre panelas! O meu pregado veio sublinhado com uma renda crocante feita com tinta de lula. O veado foi apresentado de forma tão artística que quase dava pena comê-lo. No entanto, valeu a romper a composição cromática para desfrutar dos sabores ricos, complexos e envolventes.

Quando chegou o momento das sobremesas, hum... já não havia espaço para mais... Por isso partilhámos a Selecção de Gelados e Sorvetes Caseiros. E quando chegou esta sobremesa quase que apetecia bater palmas! As humildes bolas de gelado vieram transformadas num majestoso cesto de cores e sabores sobre um mármore de coulis de frutos vermelhos e manga. Bravo, Chef Leis!

Enfim, a obra de Henrique Leis tem vindo a ser premiada, durante os últimos 15 anos consecutivos, com a desejada Estrela Michelin e a meu ver, com razão. Com uma cozinha de marcada inspiração francesa, Leis trabalha com "maestria" os produtos algarvios, peixes e crustáceos da costa, ou os sabores do campo, a alfarroba, os citrinos e a amêndoa.

Destaca pela minúcia com que emprata, decora e escolhe as fusões dos sabores. Antes de abrir o seu próprio restaurante, o chef Maranhense, teve a oportunidade de conhecer e de trabalhar com alguns dos célebres como Paulo Bocuse, Guy Savoy ou mestre da pastelaria de gala, Gaston Lenôtre. Talvez por isso, a influência da gastronomia brasileira está praticamente diluída nas raízes francesas e apenas encontramos alguma referência pontual como o uso da tapioca em algumas composições. O sabor da maioria dos pratos está absolutamente conseguido, mas houve alguns que não me convenceram completamente (por exemplo o amuse-bouche ou o tartar de peixe galo).

Se visitar o chalet no Inverno provavelmente pode ficar na sala no rés do chão, mais acolhedora e com lareira. No Verão abrem a sala do andar de cima, com cores mais vivas e a tal varanda onde se pode desfrutar das aromáticas noites algarvias.

A gastronomia não é uma ciência, é mais bem uma arte altamente subjetiva e portanto as minhas críticas valem o que valem. Eu vou continuar a ser uma habitué sempre que esteja pela zona e recomendo a experiência Leis a quem esteja por Algarve... Isso sim, não escolha o tártar de peixe galo, excepto se quiser tirar uma boa foto! Existem outros pratos, absolutamente sublimes e memoráveis na carta... Deixe-se surpreender no paladar e claro, visualmente!

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Informação para reservas: 913254322 / 289 393 438. Está aberto de Terça-feira a Sábado à hora de almoço e jantar, e nos meses de Julho e Agosto abre de Segunda-feira a Sábado. Localização: Vale Formoso | 8135 – 035 Almancil, Portugal GPS. 37 09. 1032 N – 8 02.7755 Web: http://www.henriqueleis.com

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