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Nara, os Cervos Sagrados e o templo To-Dai-Jí. Visita à antiga capital imperial do Japão.

O doce perfume das azáleas sobrepõe-se a tudo. Hoje, saímos de Osaka rumo a Nara, a mais antiga capital imperial do Japão. Esta cidade eclética era um dos pontos da milenária Rota da Seda e foi-se consolidando, com o passar dos séculos, num importante centro de culto budista.

Viajamos num Primavera tardia, a meados do mês de Maio. Nesta altura do ano (e para grande decepção minha) já não se encontram as cerejeiras em flor. O extraordinário espetáculo natural da floração (hanami) desenrolou-se apelas algumas semanas antes. Para quem marca a viagem com antecedência é difícil acertar com as datas da floração das cerejeiras, porém, se agendar a sua viagem para as primeiras semanas de Abril terá sorte... Para os Japoneses a floração das cerejeiras é importante não só pela extraordinária beleza mas também porque marca um símbolo feliz, de mudança, do transitório, da renovação e também da fragilidade da nossa existência. E neste mundo de loucos deveríamos aprender algo com essência japonesa... são poucas as pessoas que apreciam a beleza intrínseca de uma flor ou tomam um instante do seu tempo para admirar a textura de uma rocha ou os círculos que formam as gotas de água a cair levemente num lago...​

A ligação de auto-estrada entre Osaka e Nara inclui um túnel subterrâneo de sete quilómetros por debaixo das montanhas. Uma vez cruzando o túnel a paisagem urbana de Osaka altera-se e surgem os pulmões verdes do Japão: montanhas, árvores, campos e templos.

Em Nara encontramos um Japão mais ligado à tradição. A paisagem oferece ainda uma coleção de templos, pagodas e monumentos. Nara, tal como Quioto (Kyoto), foi por sorte poupada durante os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial e guarda ainda uma série de elementos e bairros antigos que é difícil encontrar em outras cidades como Tóquio ou Osaka. Um desses bairros caraterísticos é Naramachi, lugar onde se encontram as casas de ricos mercadores dos séculos XVIII e XIX, atualmente transformadas em galerias ou lojas de artesanato. Em Naramachi as casas são estreitas e compridas, porque na época pagavam-se os imposto consoante os metros de fachada pública. Em algumas casas encontram-se macacos em bronze ou madeira pendurados para dar boa sorte.

A paisagem urbana de Nara cruza as silhuetas das casas tradicionais japonesas com alguma construção mais recente, no máximo com dois ou três andares, paredes em tons acastanhados e telhados cinzentos. Nesta cidade plana, dominam as cores terra, os pavimentos em betão, a madeira o e uma certa austeridade interrompida, aqui e ali, por pequenos jardins e canteiros com arbustos de azáleas.

Nara - Todai-jí e os Cervos Sagrados

O postal turístico essencial da cidade de Nara inclui visita obrigatória ao Parque do templo Todai-jí e aos seus cervos sagrados. E a visita vale mesmo a pena porque o lugar onde está situado o templo Todai-jí é um parque e jardim japonês milenário com vários hectares de árvores, lagos, bonsais e diversos templos budistas e shintoístas.

No parque e nas imediações dos templos vivem centenas de cervos - da família dos veados mas mais pequenos - extremamente dóceis e simpáticos. Os cervos são considerados animais sagrados porque, segundo o budismo, são mensageiros da mensagem divina. Atualmente, os cervos são parte da atração principal de Todaijí e recebem aos visitantes com entusiasmo. Dão-nos umas cabeçadas carinhosas e pedem comida, em concreto, umas bolachas de arroz que se vendem em quioscos próximos. Alguns são tão insistentes que não esperam pelas bolachas e tentam puxar-nos a roupa ou abocanhar as carteiras e mochilas. Os cervos são inofensivos, curiosos e deixam-se acariciar...não obstante é preciso ter cuidado com algum dos "impacientes" porque sem querer podem dar-nos uma mordidita... A tradição budista prescreve a existência de 1000 cervos brancos (número cabalístico) para propagar a mensagem de Buda.

No ano 710 Nara foi eleita como a primeira capital do país. Para proteger a cidade de calamidades, doenças e infortúnios, o imperador mandou erigir uma gigantesca escultura em bronze de Buda em flor de lotus. Os livros dizem que é o maior Buda sentado do mundo e pesa cerca de 400 toneladas e mede 16 metros. O templo Todai-ji nasceu para proteger a imagem de Buda e é, hoje, um dos principais centros de culto budista no Japão e onde funciona a sede da escola budista Kegon.

O templo Todaijí (To-Dai-Jí) foi mandado construir durante o período de Nara (entre 710-749) pelo Imperador Shomu. Nele se encontra o maior buda de bronze do mundo: o Vairocana Buddha sentado em posição de flor de lótus que "brilha pelo mundo como o sol". Ao longo dos séculos o templo Todaiji tem vindo a congregar milhões de peregrinos que procuram serenidade e rezam pela paz no mundo. Na atualidade, somando peregrinos e visitantes, o templo Todaiji atrai cerca de 15 milhões de pessoas por ano.

(faça click nas imagens para ver em formato completo)

O templo está guardado por um grande pórtico em madeira com 21 metros de altura (Nandaimon de Todai-ji, a grande porta do sul). Nele encontram-se dois guardiões (estátuas) em madeira. Conta a lenda que um dos guardiões diz a primeira palavra quando nascemos e outro, a última, quando falecemos. Simbolizam o círculo imparável da vida, a possibilidade da reeincarnacão. Como ritual de chegada, convidam-se os peregrinos a purificarem-se com água bendita e fumo de incenso.

Ao entrar no templo principal somos recebidos pela enorme estátua de Buda elaborado com toneladas de bronze, mercúrio e cera vegetal derretidos. O sentimento de pequenez esmaga-nos e reconduz à humildade da nossa existência transitória. A estátua foi fundida em 762 e os diferente terramotos que sofreu a zona acabaram por deslocar várias vezes a cabeça. A última data de 1692. No interior encontram-se várias imagens budistas - os guardiões celestiais Komocuten e Tamonten, um centro de atenção ao peregrino e maquetas do templo.

Atravessando o buraco para chegar ao Nirvana

Num dos pilares de madeira que sujeita o templo, encontra-se um buraco do tamanho exato da narina do grande Buda. Acredita-se que quem conseguir passar pelo orifício encontrará o caminho ao paraíso... essa crença leva centenas de pessoas a fazer fila na traseira do templo para tentar passar na curiosa abertura... alguns, especialmente os mais roliços, ficam presos no buraco e é engraçado ver como se tentam empurrar para chegar (um dia) ao Nirvana.

atravessando o buraco para chegar ao Nirvana

Saindo do templo encontramos vários templos shintoístas e caminhos ladeados por marcos em pedra gravados com ideogramas japoneses que simbolizam desejos concedidos. Parece-me curioso que no Japão, o Budismo e o Shintoísmo convivam em absoluta simbiose. A nossa guia, Nariko, disse-me que costumam reservar o budismo para eventos mais tristes, como cerimónias de funerais ou rezas para doenças, enquanto que o shintoísmo é usado para celebrar festividades positivas como nascimentos ou casamentos.

Gostei especialmente dos templos shintoístas da parte superior do Parque onde se pode apreciar vistas sobre o casario da cidade de Nara e encontrar momentos de paz e beleza natural. Em várias zonas dos templos e jardins existem altares em madeira onde as pessoas penduram pequenas tábuas com preces e desejos. O caminho de volta à entrada do recinto pode fazer-se pelos 520 hectares de parque, descobrindo bonsais centenários e uma cuidada coleção botânica. Os parques e jardins japoneses estão desenhados para serem aproveitados em qualquer altura do ano, com árvores e plantas com diferentes momentos de floração, espaços para a meditação e o deleite. Neste final de Primavera os perfumes naturais rodopiam no ar embebedando-nos de felicidade.

Dentro do Parque pode-se ainda visitar o Museu Nacional de Nara que guarda uma bonita coleção de litografias, caligrafias, painéis pintados e elementos em bronze usados no contexto da Rota da Seda e nas diferentes períodos imperiais de Nara e Heian.

Próxima Paragem: Kasuga Taisha...

さようなら Sayōnara, Adeus !

Créditos Fotográficos: Avenida Chique

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