Manjar do Marquês: A Meca do Arroz de Tomate fica em Pombal.
Vem num tacho de barro a fumegar. Os grãos soltinhos envoltos num molho malandro encarnado, doce e aromático. Cheira a tomate fresco, a Verão, a campos inundados de sol e regados com água fresca... Estamos no Manjar do Marquês, em Pombal, considerado por muitos apreciadores da boa mesa, a Meca do Arroz de Tomate e do Bolo de Bacalhau.
No cimo dessas escadarias espera-nos um concerto de sabores tradicionais...
E sim, o meu Pai insistiu em aparecer na fotografia :)
O Manjar do Marquês era o restaurante favorito de Amália Rodrigues quando viajava pela região centro, e é um lugar que relaciono a muitos e bons momentos de reencontro com a minha família e as minhas raízes. Durante a década e meia que estive fora de Portugal, sempre que vinha visitar os meus pais a Coimbra, o caminho de ida ou de volta ao aeroporto incluía, invariavelmente, uma paragem em Pombal. O restaurante fica no km 151 da antiga EN1, hoje IC2, e também convenientemente localizado na saída de Pombal da autoestrada A1, por isso, não implica grandes desvios para quem viaja do norte ao sul do país, ou vice-versa.
O restaurante, como hoje o conhecemos, abriu na década de 80, mas a sua história remonta-se à década de 60 quando ainda era uma estação Shell. A tenacidade e profissionalismo de um jovem casal, Maria de Lurdes e Evangelista Nunes Graça, transformaram a humilde estação num restaurante com fama reconhecida um pouco por todo o país. Por ali já passaram desde peões a futebolistas, cantoras de fado a Presidentes da República. Hoje, a gestão do Manjar do Marquês já vai na segunda e terceira geração da família Graça, mas a receita do famoso arroz de tomate continua a mesma de outrora.
Talvez este seja o melhor Arroz de Tomate de Portugal ?
Uma grande escadaria em calçada portuguesa conduz-nos à entrada do restaurante, onde um painel de azulejos com o brasão do Marquês saúda o comensal. Existem duas alas: à direita, um restaurante mais formal e com horário de funcionamento tradicional e à esquerda encontramos o restaurante informal com serviço de cozinha ininterrompido até às 23:30h.
Nada mais atravessar as portas envidraçadas de entrada, deparamo-nos com um balcão repleto de portugalidade: há azulejos, sardinhas em porcelana, barros e barrinhos, souvenirs pensados para os que por ali param em viagem e aproveitam para adquirir alguma recordação do Centro de Portugal. Mas também há lembranças para o estômago. O melhor da doçaria da região está ali representado: as queijadas, os pastéis de Tentúgal, os biscoitos de canela ou manteiga, os suspiros e as arrufadas de Coimbra... os olhos não sabem onde parar com tanta oferta para os sentidos.
Deixando para trás estas tentações, entramos na sala de jantar informal. Está decorada com um ambiente rústico e agradável, mesas cobertas com toalhas azuis e aos quadradinhos, um bar com telha decorado com vigas de madeira, caçoilas e pratos em barro com dizeres do Povo. Por aqui não passa o tempo e ainda bem... preservam-se os sabores e a tradição do ideário gastronómico do Centro.
Receita digna de Património da Humanidade
Entre as mesas correm, atarefados, os empregados. Trazem bebidas, pratos, apontam comandas, num vai e vem hipnotizante. Mas onde os olhos se prendem é no senhor do caçoilo de barro com o arroz de tomate. Anda por entre as mesas com olhar ladino, apresentando e servindo esse maravilhoso arroz fumegante, malandrinho, confecionado segundo a receita original de Maria de Lurdes Graça. E oferece a primeira, a segunda, a terceira ou quantas porções couberem no estômago. E volta, volta sempre, até ficarmos cheios, redondos e corados de felicidade gastronómica.
Se tradicionalmente o arroz de tomate é um acompanhamento, aqui ele é a estrela do prato. Porém, há-de-se combinar o sabor adocicado do arroz com algum elemento igualmente delicioso. Na carta há, à escolha, panados, croquetes, chamuças, filetes de pescada e de bacalhau e pastéis de bacalhau. Tudo é bom, mas a combinação do Arroz de Tomate com o Pastel de Bacalhau é digna de ser classificada como Património da Humanidade.
E se a receita do Arroz de tomate é lendária, a do pastel de bacalhau não lhe fica atrás. Primeiro, vêm quentinhos e crocantes. Segundo, a consistência da massa amarelinha é firme e sequinha, sem pinga de óleo. Terceiro, as proporções de bacalhau, ovo e batata são absolutamente perfeitas. Os bolos de bacalhau são gigantes mas é humanamente impossível comer só um...
Sabores de ontem preservados: Bolo de Bacalhau perfeito no Manjar do Marquês.
Sobremesas de chorar por mais
Se estiver de dieta afaste-se deste templo de prazer. Não vale a pena vir a um lugar destes e não pecar. Pecar com o arroz, o bolo de bacalhau e no final, com a sobremesa. Da lista destaca-se o leite creme em barro queimado no momento. O creme vem amarelinho das gemas frescas e a capa de açúcar crocante parte-se com a colher com o gosto e a felicidade de uma criança. Também há o Manjar do Marquês - uma receita original de doce de amêndoa de 1967 -, Mousse de Chocolate, Torta de Laranja, Pudim Caseiro de Ovos e Queijos da Serra da Estrela e do Rabaçal.
No final, para fazer a conta o nosso empregado tira o lápis afiado detrás da orelha e faz uns rabiscos num papel. Sai um número simpático, ajustado aos bolsos portugueses, que nos faz desejar voltar sempre com um sorriso nos lábios.
O Manjar do Marquês deveria fazer parte dos roteiros gastronómicos obrigatórios para a região Centro de Portugal e pertence, claramente, aos meus favoritos. Recomendado? Não... recomendadíssimo!
Parque de estacionamento com 200 lugares disponíveis
Para Mais Informação e Reservas:
Restaurante Manjar do Marquês
Página Web: http://www.omanjardomarques.com
Tel: (+351) 236 218 818
E-mail: manjarmarques@mail.telepac.pt
Direção: Estrada Nacional 1
Km 151
3100-317 Pombal
Centro de Portugal
Créditos Fotográficos: Avenida Chique
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