Luna Rossa. Viagem pela gastronomia italiana sem sair de Vilamoura.
Há quem conheça o Luna Rossa pela sua fama como uma das melhores pizzarias de Portugal. As pizzas, com uma base estaladiça elaborada com farinha trazida especialmente de Itália e cozinhadas num forno de lenha onde só se queima oliveira, já valeram ao restaurante da Marina de Vilamoura a citação no livro das melhores pizzarias do mundo. “Where to Eat Pizza” foi escrito em 2016 pelo gastrónomo britânico Daniel Young e reúne as melhores pizzarias do mundo. Mas hoje, o Avenida Chique leva-o a conhecer o outro lado do Luna Rossa, um receituário tradicional italiano que o fará beliscar-se de prazer.
Vista de luxo: terraço com vista para os iates da Marina de Vilamoura
Se é amante da boa mesa, já sabe que a cozinha italiana não é só composta por pizzas e pastas. A cultura gastronómica deste país contém uma panóplia de sabores que varia do sul ao norte e das zonas de interior às regiões marítimas. Tal como em Portugal, Itália é uma pátria de pescadores com um rico reportório de receitas de peixe, crustáceos e moluscos.
Giovanni Foscarini, um gastrónomo da comunidade de Thiene (Vicenza) a uns 100 km de Veneza, poderia estar em qualquer parte do mundo, mas é hoje a alma do Luna Rossa. Depois de trabalhar em vários pontos do planeta, como Brasil ou Japão, Foscarini, em Fevereiro de 2016, junta-se à equipa do Luna Rossa como gerente e chef executivo. Desde então, redesenhou a carta de forma a incluir receitas inspiradas nas suas tradições familiares e que narram um lado mais autêntico de Itália, ao mesmo tempo que manteve a reconhecida oferta de pizza e pastas.
Ambiente fiorentino no interior do restaurante Luna Rossa
Foscarini guiou-nos pessoalmente num almoço de descoberta de algumas dessas especialidades tradicionais, onde o peixe e os frutos do mar são reis. Estando no Algarve e à beira-mar, faz todo o sentido apostar numa cozinha marinha, que une o melhor dos produtos italianos e lusitanos, num casamento gastronómico de êxito.
A nossa primeira incursão pelas receitas italianas foi uma clássica salada “Caprese di Bufala con pomodorini e basilico”. Mas se já está a imaginar a típica (e aborrecida) salada que intermeia mozzarella com fatias de tomate e folhas de manjericão, faça-me um favor e apague essa imagem. Aqui, a salada caprese vem aprimorada com um cremoso molho de pesto caseiro, elaborado com manjericão, alho, azeite e pinhões, voluptuosos bocados de mozzarella di Bufala trazida de Itália com uma textura completamente diferente da normal e tomatinhos cherry amadurecidos ao sol do Algarve. Este é um prato muito fresco e apetecível num dia de calor, como o de hoje:
Caprese di Bufala con pomodorini e basilico
Seguimos com um “Capesante scottate e la loro essenza con uova di salmone e souté di spinaci”, ou seja, uma vieiras braseadas recobertas com ovas de salmão sobre uma cama de espinafres frescos salteados e molho do mar. As vieiras caramelizadas estavam perfeitamente seladas no exterior e, o interior apresentava-se ainda amanteigado. Os espinafres, que normalmente vêm desvanecidos, aqui oferecem mordida denotando vida vegetal e o conjunto é harmonizado com uma redução à base do coral da vieira. Também esta entrada é muito leve, mas plena de sabores:
Capesante scottate e la loro essenza con uova di salmone e souté di spinaci
Se pensava que o bacalhau é apenas rei na gastronomia portuguesa, o próximo prato vem demonstrar que este peixe também é muito apreciado noutras longitudes e que, embora sejamos detentores de 1001 receitas, há sempre mais uma a acrescentar. Uma dessas versões italianas de bacalhau chama-se “Baccalá mantecato in crosta di pane con cozze e vongoli in crema di broccoli”. É uma entrada onde reinam os sabores do mar e o bacalhau vem disfarçado numa crosta de pão estaladiça. Parece quase um canolli recheado de bacalhau desfiado e misturado com cebolinha salteada, alho, salsa e leite. À festa juntam-se uns mexilhões e amêijoas salteados, cebola caramelizada e uma suave cama de creme de brócolos. Este “baccalá mantecato” é um prato original da zona de Veneza, tradicionalmente servido frio como antipasti e faz lembrar, em sabor e textura, o nosso bolo de bacalhau:
Baccalá mantecato in crosta di pane con cozze e vongoli in crema di broccoli
A nossa viagem gastronómica pelos sabores dos mares italianos, continuou com a prova de uma especialidade da casa, o “Linguine con Gamberi Tigre e la loro essenza con alga di zuchine”. Trata-se de um prato de pasta elaborado com linguini seco da boa marca italiana “Rummo” com camarão tigre e algas de courgete. O linguini veio cozinhado al dente e envolto numa emulsão de sabores marinhos com toques cítricos de lima e menta.
Linguine con Gamberi Tigre e la loro essenza con alga di zuchine
A esta altura já estávamos, como verdadeiros gourmands a acariciar de satisfação o estômago proeminente, mas Foscarini apareceu com mais um prato delicioso, a “Tagliata di tonno in crosta di sésamo con insalata di rucula, tropea e pomodorini”. Esta iguaria que encerrou o capítulo salgado do nosso almoço de degustação, é uma versão italiana do tataki de atum, elaborado com peixe trazido do mercado de Quarteira. O atum é selado na frigideira com sementes de sésamo e servido com uma salada fresca. Neste caso, o chef-gerente fez questão de tornar o prato ainda mais especial e serviu-o com uma base de pizza acabadinha de sair do forno... Estava tudo delicioso e se pedirem este prato, aconselho a que optem por esta combinação.
Tagliata di tonno in crosta di sésamo con insalata di rucula, tropea e pomodorini
O restaurante Luna Rossa fica no passeio da Marina de Vilamoura e conta com um terraço junto à Marina onde se pode almoçar com vista para os iates ou jantar “al fresco” nas belas noites de Verão. No interior, encontra-se um forno a lenha “Morello” com uma cúpula em barro onde apenas se queimam troncos de oliveira. As paredes estão recobertas de mármore de Carrara e os tetos abaulados em tijolinho fiorentino.
Quem costuma ler as minhas crónicas, sabe, que em 99% dos casos, salto a sobremesa. Primeiro, porque costumo ficar demasiado cheia, segundo, porque (tento) olhar pela linha –olha a ironia-, e terceiro, porque não sou grande apreciadora de doces. Mas... quem? Quem é que resiste a um “tiramisù” italiano quando nos é trazido pela mão sábia de Giovanni Foscarini? Eu não. E lá veio esse pedaço de prazer cremoso, num potezinho de vidro italiano “Fido” a reclamar a minha atenção. Existem mil receitas de tiramisù (que significa “levanta-me”), mas esta revelou-se surpreendentemente leve, mantendo o equilíbrio das camadas de mascarponne com os bocados de palitos “la reine” bêbados de café e licor.
O irresistível tiramisù do Luna Rossa
Café e Conta
Apesar de que o meu gosto pessoal se decante por um bom café português, reconheço que a origem do café de máquina espresso (lê-se essssspresso e não exxxxxpresso) se remonta à Itália e existem marcas com variedades aromáticas muito boas. O Luna Rossa escolheu o café Lavazza, que pode ser equiparado ao nosso Delta. Gosto da cremosidade desta bica com sabor tostado mas de acidez controlada. A conta para este festim pensado para dois não chegou aos 80 euros. Claro que se pedir apenas pizza ou pasta, fará a festa por muito menos. No entanto, considerando a localização do restaurante (em plena Marina de Vilamoura), a frescura e qualidade dos produtos e a originalidade das receitas, uma visita ao Luna Rossa é um excelente investimento gastronómico.
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Para mais informação e reservas, consulte:
Restaurante Luna Rossa
Página Web: http://lunarossa.pt
Direção: Marina de Vilamoura, 8125-401 Quarteira, Algarve
Telefone: (+351) 289 302 245
Créditos Fotográficos: Avenida Chique
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