O Império dos Sentidos: Ganko Takasegawa Nijoen em Quioto.

Se o Japão fosse aqui mesmo ao lado e eu tivesse que recomendar um restaurante japonês, o Ganko Takasegawa Nijoen seria, com certeza, o elegido. Aqui encontramos tudo aquilo que o nosso imaginário considera que faz parte de um restaurante japonês: arquitetuta tradicional e histórica, soalho coberto com tatamis, empregadas vestidas de quimono, grandes janelas para um jardim zen onde cada pedra, árvore, arbusto, ponte e riacho têm uma razão de ser... e naturalmente, comida japonesa de excelente qualidade servida num festival que lembra uma fusão entre "A festa de Babette" e o "Império dos Sentidos".

Aliás, e perdoem-me a heresia, se eu morrer amanhã quero imaginar a minha mesa de jantar assim: repleta de pequena delícias, sabores diferentes e formas exóticas... tantas que o olho já não pode contar e nem o estômago consegue albergar...

O Império dos Sentidos: Ganko Takasegawa Nijoen em Quioto.

Sim, esta é a cara de uma gourmand feliz... feliz... feliz... haverá melhor coisa na vida que comer e viajar?

Para além das ruas tradicionais, os templos, as gueishas, os bosques de bambú e os rickshaw, uma das grandes atrações de Quioto é a gastronomia. E aqui no Ganko Takasegawa Nijoen pratica-se uma gastronomia tradicional de tipo kaiseki. Já ontem, em Nara, tínhamos provado este tipo de banquete no restaurante Kikusuiro, mas a experiência de hoje, excedeu todas as expetativas.

O restaurante está situado numa antiga casa de estilo tradicional, que terá pertencido ao presidente do Banco Nacional do Japão. O jardim japonês foi desenhado pelo mesmo arquiteto paisagista que desenhou o jardim do Palácio Imperial e é uma delícia para os sentidos.

A cozinha kaiseki, de origem budista, propõe servir vários pratos em pequenas porções. A etiqueta à mesa exige ir comendo os pratos seguindo a ordem de colocação na mesa, primeiro os que se encontram mais perto de nós e só depois os que estão mais afastados. Vieram diversas variedade de sushi, tofu fresco, sopa miso, fatias finas de Wagyu para terminar de cozinhar no caldo dashi (shabu shabu), uma gelatina de vegetais com salada, arroz branco avinagrado, tempura de vegetais e camarão e uma batata recheada de polvo grelhado no robata. Para terminar, serviram uma gelatina de chá verde matcha, pouco doce e com a textura a lembrar as gomas.

Depois deste opíparo almoço fomos passear no jardim japonês e descobrir as diferentes zonas de meditação. A filosofia do hedonismo de exacerbar todos os nossos sentidos está aqui materializada: sabores para o paladar, aromas para os nossos narizes, a beleza da natureza para os nossos olhos, as texturas das rochas e das plantas para as nossas mãos e o cantar dos pássaros para os nossos ouvidos...

Se eu trazia alguma expetativa sobre como seria uma refeição tradicional japonesa, esta experiência excedeu o preconceito e redesenhou novas memórias. Talvez um dia, se este blog se tornar livro, este restaurante terá que fazer parte dele...

Poderíamos ter passado toda a tarde a desfrutar do ambiente do restaurante, mas aguardam-nos outras experiência em Quioto. Na agenda temos marcada a visita ao templo Kiyomizu e depois um variedade de workshops culturais japonesas, incluindo uma introdução à caligrafia kanji, participar de uma cerimónia do chá, fazer bolinhos de arroz típicos e ver um espetáculo de baile efetuado por gueishas... e sim, eu vou-lhe contar tudo isto nos próximos posts.... fique por aí...

Próximo destino: o Templo Kiyomizu que significa "água pura" e nos ensina uma metáfora sobre a vida: estaremos realmente dispostos a arriscar e a fazer tudo por tudo para perseguir os nossos sonhos? Venha daí...