Pestana Palace: Downton Abbey à Portuguesa
Como prometido, cá está, bem fresquinho, o post sobre as zonas sociais e o luxuriante jardim do Pestana Palace, em Lisboa. Se conhece a série da BBC, Downton Abbey, provavelmente já reconheceu na fotografia o ambiente da sala de jantar da aristocrática família Crawley. Claro que não é a mesma, mas apresentam um estilo muito similar. Tão similar, que tive que me sentar à mesa e simular a pose de Lady Mary.
Aqui, respira-se um ar nobre, rico e solene. Um lugar onde a história cristalizou o tempo. O ambiente palaciano desta Sala Renascença é conseguido com paredes cobertas em seda dourada e flores pintadas, uma lareira em mármore, frescos românticos no teto e nos medalhões laterais, móveis entalhados e revestimentos em madeira tropical trabalhada.
Certo é que todas as peças deste Palácio, Monumento Nacional, guardam uma história, e até a proveniência das madeiras dos móveis esconde um pequeno segredo. Terão sulcado os mares de São Tomé e Príncipe de forma ilícita, pois na época era proibido importar madeiras exóticas para Portugal. Como a “necessidade aguça o engenho”, contornou-se esta limitação construindo embarcações com as preciosas madeiras, que ao chegarem ao seu destino, eram desmanteladas da estrutura interior do barco e convertidas em móveis ou adornos para as casas dos fidalgos.
Os móveis desta extraordinária sala de jantar foram trabalhados por carpinteiros portugueses no princípio do Séc. XIX, mas guardam as referências decorativas do Séc. XVIII. Os aparadores são joias vivas de pormenores decorativos: entalhes, colunas, mascarões com formas da natureza e rostos caricaturados, compõem um belíssimo conjunto ornamental. Vale a pena sentar-se num dos cadeirões em pele vermelho-tinto, desligar o telefone, e investir uns momentos a admirar estas preciosidades históricas.
Os raios de luz filtrados por vitrais coloridos com o monograma do Marquês de Valle Flôr, deixam pinceladas de cor suspensas na atmosfera. Olho para cima, para o teto, surpresa pela riqueza dos ornamentos e das cores vivas da tela a óleo que representa um firmamento ornado com roseiras, emoldurado por madeira escura entalhada com folhas de canto, florões e volutas. Cheira a madeira, a óleo de cedro e à memória de um tempo antigo.
A comprida mesa de madeira, rodeada de aristocráticas cadeiras em veludo vermelho, está composta com pompa e circunstância. Cristais e talheres dourados. Guardanapos dobrados com sapiência. Passo os dedos pela textura luxuosa da toalha engomada e admiro os pormenores das porcelanas originais, também timbradas com o monograma do Marquês. Quantos jantares de cerimónia se terão ali servido? Que ilustres convidados terão disfrutado das noites de festa, ou entretido o Marquês com sobejas histórias da corte ou intrincados segredos políticos?
Agora que passaram algumas décadas, este continua a ser o palco de eleição para um belíssimo jantar de gala servido com a arte da haute école d'hôtellerie. O Pestana Palace aluga a Sala Renascença como salão para reuniões, ou jantares privados para 26 comensais, por um valor de 300 euros e oferta de menus gastronómicos que oscilam entre os 43 euros e os 150 euros, por pessoa, sem bebidas. Cá fica esta sugestão, para quem procura um lugar original para uma celebração muito especial e de toque aristocrático, em Lisboa.
Um sonho de estilo francês
Deixo para trás a sala de Downton Abbey e passo a percorrer, câmara fotográfica em punho e os sentidos em alerta, os outros salões do Palácio do Marquês de Vale Flor, hoje convertido num sumptuoso Hotel de Cinco Estrelas, o Pestana Palace. Ao caminhar pelo corredor que conduz às salas sociais e aos salões-restaurante é quase impossível não sentir-se transportada para uma das novelas de Jane Austen. Ai...! Onde está o meu Mr. Darcy?
Sucedem-se, cada uma mais bonita e especial, a clássica Sala Luis XVI, a Sala Japonesa e a minha favorita, a exuberante Sala Luis V. À exceção da sala de inspiração nipónica, marcada pelo ambiente oriental, as Salas e os Grandes Salões do Palácio são dignos representantes do estilo decorativo francês, que revela a grande paixão do Marquês pela grandiosidade de Versailles.
Convido-o a passear-se por estes belos aposentos e descobrir uma infinidade de detalhes históricos, desde painéis ovais com os bustos de Luis XVI e de Maria Antonieta emolduradas a folhas de louro, intemporais relógios de mesa, mobílias vintage, frisos e motivos ornamentais neoclássicos. Segundo a historiadora Zita Magalhães, que escreveu uma memória histórica sobre o Palácio:
“O estilo Luis XVI representa uma transição para o neo-classicismo mantendo, no entanto alguns motivos do estilo rocale. [...]. Quem iniciou este estilo foi Anje-Jacques Gabriel, arquiteto do Petit Trianon (1768), em Versailles, considerado obra prima da arquitectura neo-clássica, que, posteriormente, no século XIX e ainda início do século XX, foi adaptado frequentemente em múltiplos edifícios públicos e particulares, bem como no mobiliário e decoração de interiores” (Magalhães)
Se é um conoisseur e amante da história da arte nunca mais vai querer sair de aqui. Em cada recanto encontra-se uma história, uma referência a um estilo decorativo ou arquitectónico, um todo bem preservado pelo Pestana Hotel Group que demorou mais de 10 anos para reabilitar o hotel.
Antes de passar aos jardins, onde nos aguardam as delícias botânicas, tenho ainda que demorar-me na Sala Luis V. Esta será para qualquer menina-mulher romântica um lugar de deleite e encantamento. A decoração faustosa em estilo rococó lembra o palácio da Cinderela, e é muito difícil não deixar fugir a imaginação para todas essas memórias infantis dos contos da Disney, ou pelas novelas românticas do século XIX.
Sentei-me num pequeno sofá aveludado em azul celeste, junto à janela, e fiquei ali a “sonhar acordada” com os olhos perdidos nos pormenores da decoração. Frescos nas paredes e no teto, hábil mistura de tromp l’oeil e de relevos em gesso, belíssimas mobílias, espelhos, em todo lado tons pastéis, o rosa, o azul celeste e o branco espuma. Estarei na antessala do paraíso? Em cada recanto encontro pinturas de felicidade, alegria, música, flores campestres nos caracóis dourados de anjinhos rechonchudos, brilhos, levezas, cores e luz, muita luz.
Mesmo que não fique alojada neste hotel, desafio-o a vir conhecer esta sala e disfrutar de um aristocrático chá das cinco. Se tiver um filhote, traga-o consigo e conte-lhe histórias de encantar. Nunca mais se esquecerá de um momento, assim, de pura fantasia celestial.
Os grandes salões, onde hoje funcionam o restaurante de pequeno-almoço e de jantar e o salão de banquetes, são exemplares faustosos dos grandes salões de baile que existiam na época. Fiquei fascinada com as colunas estriadas em mármore e bronze, replicação exata das colunas da Sala Real da Ópera do Palácio de Versailles. O busto do Marquês de Valle Flôr preside o salão de jantar, velando, silencioso, em cima de uma majestosa lareira em mármore e bronze.
Quando visitei este salão, este estava a ser preparado para receber a celebração de um casamento e nas mesas alinhavam-se com primor e elegância delicados centros florais, impolutos copos de cristal, finas porcelanas e a esperança de um feliz enlace.
No dia seguinte, pude desfrutar de um pomposo pequeno almoço com vistas ao jardim e fiquei a saber que ali, cada domingo, se serve um fantástico brunch (37 euros por pessoa, com direito a passar o dia nos jardins e na piscina do hotel).
Delícias botânicas num oásis de paz
Levo-a agora a passear ao jardim. Aqui, encontramos um curioso oásis de paz e silêncio no meio da atribulada cidade de Lisboa. Centenas de espécies de árvores e flores, das quais destaco as Palmeiras de Canárias e da Califórnia, o Loureiro da Índia, as Pimenteiras e as Tílias com os seus inebriantes aromas.
A linguagem estilística do jardim combina duas tendências da época, um estruturado “jardim francês” e o poético “jardim paisagista”. Caminho por entre as veredas para encontrar sombras de remanso e silêncio, estátuas que me espiam curiosas, os perfumes das flores exóticas e ao final da avenida em calçada portuguesa, descubro um Pavilhão Chinês, lustroso, com janelas vermelhas e paredes amarelas e verdes, que oferece resguardo nos dias de Inverno e refúgio fresco da soalheira do Verão.
Para disfrutar deste jardim, mesmo que não esteja alojado, aqui fica mais uma dica: aos sábados, o Pestana Palace dispõe de um pic-nic premium intitulado “Chic-Nic”, das 13 às 16 horas. É-nos servido um cocktail de boas-vindas criado por Rui Marques e pode-se provar um buffet composto por barbeque de peixes, carnes e salsicharia tradicional.
Existe também sushi, ceviches, tártaros e carpaccios. E para as mais gulosas, termina-se em beleza com as sobremesas do Chef pasteleiro Francisco Paiva. O preço do “Chic-Nic” no Pestana Palace é de 35 euros por pessoa e tal como no brunch, tem-se direito a desfrutar placidamente dos jardins e da piscina exterior do hotel.
Num desnível inesperado, ao lado do Pavilhão, encontramos a voluptuosa piscina, construída já no período da reabilitação do espaço, no lugar do antigo lago. Por isso, encontramos numa das laterais da piscina recoberta de lajes verdes e azul-índigo, uns misteriosos arcos que conduzem aos labirintos do jardim.
Aqui perto, fica o “Magic Spa by Pestana”, eleito nos últimos dois anos como o Best Luxury Hotel SPA em Portugal, onde tive a oportunidade de fruir de um sumptuoso tratamento facial. Mas esta história fica para o próximo post... pode ser? Entretanto, convido-a a percorrer fotograficamente os recantos deste Hotel, Monumento-Nacional, o Pestana Palace, em Lisboa.
As reservas para o Brunch ou o “Chic-Nic” podem ser feitas através do telefone 213 615 600. Para mais informação sobre reservas de hotel ou banquetes, consulte a página:
Tel. 808 252 252
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